01/09/2020 - 17:54
A promessa do governo de avançar com reformas estruturais e cumprir o teto de gastos ajudou o real a ter o melhor desempenho nesta terça-feira ante o dólar no mercado internacional, considerando uma cesta de 34 moedas mais líquidas. A divisa americana recuou nos emergentes, em meio a bons indicadores da economia dos Estados Unidos, mas declarações de Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, fizeram investidores desmontar parte de posições defensivas no dólar, mesmo após a queda histórica do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre.
Após encostar em R$ 5,50 na segunda-feira, o dólar operou em queda toda a terça-feira, para encerrar os negócios no mercado à vista em baixa de 1,74%, cotado em R$ 5,3852, o menor nível desde 6 de agosto.
Na mínima do dia, operou na casa dos R$ 5,33. No mercado futuro, o dólar para liquidação em outubro era negociado em queda de 1,92% às 17 horas, em R$ 5,3930.
“Se o governo perder a capacidade de convencer os agentes econômicos da sustentabilidade da dívida pública, até podemos ver um risco de melhora no curto prazo para o crescimento econômico, mas seguido por significativa repressão financeira e expansão menor no PIB de médio prazo”, comentam os economistas para Brasil do JP, Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira.
Ao mesmo tempo, se o governo conseguir avançar com as reformas, como Guedes prometeu, mesmo que ocorra algum crescimento dos gastos, a perspectiva de médio prazo para o PIB do Brasil pode melhorar, ressalta o JP.
O banco americano melhorou a projeção de queda do PIB do Brasil em 2020, de um tombo de 6,2% para queda de 5,2%. Uma das razões foi a prorrogação do auxílio emergencial, até dezembro, confirmada nesta terça de manhã pelo governo e agora com parcelas de R$ 300, que deve continuar apoiando a recuperação de curto prazo da atividade econômica.
Também pela manhã, Bolsonaro prometeu entregar na quinta-feira uma proposta de reforma administrativa ao Congresso e, em seguida, Guedes reiterou o compromisso com reformas e com o teto. “Um teto sem paredes acaba caindo, e as paredes são as reformas econômicas”, disse o ministro aos parlamentares.
“Avanço da reforma administrativa, definição do auxílio emergencial e dados mostrando recuperação da atividade tanto na China como nos Estados Unidos acabam alimentando o apetite ao risco”, afirma o economista da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
Ele menciona ainda o reiterado compromisso do governo com o teto e a alta do índice dos gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial do Brasil em agosto para 64,7 – o maior nível da série histórica. Como reflexo, o Ibovespa subiu 2,8%, superando os 102 mil pontos.