Riscos associados à transição engatilharam aversão ao risco no mercado doméstico nesta segunda-feira, 12, arrastando para cima a cotação do dólar. A busca pela proteção na moeda americana fez a cotação à vista correr ao maior nível em duas semanas, ainda que na etapa da tarde a força compradora tenha perdido um pouco de ímpeto. A expectativa de um discurso mais duro do Federal Reserve na quarta-feira também sustenta a valorização da divisa dos Estados Unidos mundo afora. No mercado futuro, a moeda americana perdeu ímpeto nos minutos finais da sessão, em meio à possibilidade de adiamento – e desidratação – da PEC da Transição.

O dólar à vista terminou o dia aos R$ 5,3116, valorização de 1,26%. É o maior nível de fechamento desde 28 de novembro. A mínima foi de R$ 5,2331, às 9h37, e a máxima, de R$ 5,3510, às 12h39.

Salvo movimentos pontuais na abertura, o dólar ganhou força rapidamente ainda pela manhã, à medida que o investidor recompunha posições frente ao noticiário da transição durante a semana. A despeito da procura por nomes liberais para as secretarias do Ministério da Fazenda por parte de Fernando Haddad, o mercado reagiu mal à possibilidade de o ex-ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante assumir o BNDES ou a Petrobras no próximo governo. Mudanças na Lei de Estatais também estão no radar, embora o governo eleito tenha negado essa chance.

A composição de outros ministérios também está no radar. Para a Head da Mesa de Câmbio da Terra Investimentos, Roberta Folgueral, o nome que comandará o Ministério da Indústria e Comércio Exterior tem especial importância pela capacidade de políticas feitas pela pasta atraírem divisas para o Brasil.

“Estamos olhando esse cargo com muita atenção, mais do que qualquer outro. Vamos observar se este é um nome que entende do game do empresariado, se tem traquejo com o setor e se tem representatividade para inserir o País nas grandes discussões do comércio global”, avalia.

O noticiário agitado também deve ajudar a expandir a liquidez do mercado cambial local esta semana. Na passada, com dois dias de jogos do Brasil, o volume de operações diminuiu. Agora, é esperado que aumente, uma vez que é exíguo o prazo para que multinacionais façam remessas. “Historicamente, elas podem acontecer na semana do Natal e do ano-novo. Mas é difícil. Esta é a semana para acontecer, já que ainda tem volume expressivo”, diz Folgueral, da Terra.

No segmento futuro, a moeda para janeiro subiu aos R$ 5,3500 (+1,68%), em dia de giro de negócios mais consistente, na casa de US$ 11,5 bilhões.