O dólar passou a cair no mercado à vista na manhã desta segunda-feira, 13, puxando pelo enfraquecimento no exterior ante pares principais e divisas emergentes ligadas a commodities. Na abertura, a moeda norte-americana registrou viés de alta em meio uma piora das expectativas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até 2025 no boletim Focus e também alta da Selic para 2023 e 2024, além de desaceleração para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.

Os mercados operam sob forte expectativa pelo debate de mudança em metas de inflação. As atenções ficam em falas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, antes da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta-feira, a primeira formada por Campos Neto e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faz pronunciamento na reunião do Diretório Nacional do PT nesta segunda (a partir das 10 horas) e Campos Neto será entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura (22 horas).

O mercado quer ouvir o presidente do BC sobre as críticas que tem recebido do presidente Lula sobre juros altos e à atual meta de inflação. Um consenso entre os técnicos ouvidos é de que mudar a meta de 2023 com o ano já em curso teria praticamente nenhum impacto sobre a política monetária, uma vez que a calibragem de juros já mira mais os efeitos sobre a inflação de 2024.

Lula, por sua vez, deu uma trégua na briga com o BC durante sua viagem a Washington, DC, mas pode voltar a atacar o juro alto no País em fala à militância do PT à noite, na celebração dos 43 anos do partido, segundo fontes próximas ao presidente.

Economistas desenvolvimentistas, como Luiz Carlos Bresser-Pereira, Monica de Bolle e Luciano Coutinho, lançaram um manifesto em apoio às críticas do presidente Lula ao Banco Central e Selic elevada.

Sobre a reunião do CMN, o conselho deveria antecipar o máximo possível a sua decisão sobre o futuro dos alvos. Essa é a opinião de economistas ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), que veem na indefinição sobre o tema prejuízos às expectativas do mercado e aos ativos do País.

A leitura dos analistas consultados é que adiar a definição das metas até junho, quando o colegiado tradicionalmente delibera sobre o tema, pode amplificar a desancoragem das expectativas de inflação vista no Focus e levar a uma desvalorização do real.

No boletim Focus, os economistas revisaram a mediana para o IPCA para 2023 de 5,78% para 5,79%; para 2024, passou de 3,93% para 4,00%; e para 2025, de 3,50% para 3,60%. Ja a Selic no fim de 2023 passou de 12,50% para 12,75% ao ano e, no fim de 2024, subiu de 9,75% para 10,00% ao ano, permanecendo em 2025 (9% a.a.) e 2026 (8,50% a.a.). A estimativa para do PIB de 2023 caiu de 0,79% para 0,76% e para 2024 permaneceu em 1,50%.

No exterior, o dólar cai levemente ante euro e libra, mas sobe em relação ao iene, com investidores na expectativa para novos dados de inflação ao consumidor (CPI) dos EUA, que serão conhecidos amanhã.

Às 9h27, o dólar à vista caía 0,25%, a R$ 5,2083. Na máxima, após abertura, subiu a R$ 5,2288 (+0,13%). O dólar março perdia 0,16%, a R$ 5,2235. Após abrir a R$ 5,2090 (-0,44%).