Após a queda de 2,83% na semana passada, quando fechou abaixo de R$ 5,00 pela primeira vez desde junho de 2022, o dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 17, em alta de 0,45%, cotado a R$ 4,9372, com máxima a R$ 4,9563. Na abertura dos negócios, a divisa até chegou a operar pontualmente em baixa, flertando com o rompimento de R$ 4,90 ao registrar mínima a R$ 4,9008.

Segundo operadores, investidores apoiaram-se na alta da moeda americana lá fora para promover ajustes e realizar lucros no mercado doméstico de câmbio, em ambiente de liquidez reduzida. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para maio movimentou menos de US$ 10 bilhões. Analistas observam que forte rodada de apreciação do real de fins de março para cá foi induzida, em parte, por forte desmonte de hedge cambial por parte de estrangeiro no mercado de derivativos.

Indicadores de atividade nos EUA acima do esperado levaram a aumento das chances de nova alta de 25 pontos-base na taxa de juros americana no encontro de política monetária do Federal Reserve em maio. Também houve certa moderação nas apostas em corte dos FedFunds ao longo do segundo semestre. O índice Empire State de atividade industrial no Estado de Nova York avançou de -24,6 em março a 10,8 em abril, na máxima desde julho de 2022 e bem acima da previsão de -15,0 dos analistas.

Por aqui, houve certo desconforto com o adiamento para amanhã da entrega do texto da proposta do novo arcabouço fiscal à Câmara dos Deputados, inicialmente prevista para hoje pelo ministério da Casa Civil. O motivo alegado foi a ausência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que está em São Paulo. As expectativas dos agentes giram em torno da confirmação de que o texto trará amarras para uso de receitas extraordinárias em investimentos públicos.

“Temos hoje um ajuste do dólar para cima com exterior e importadores aproveitando a queda recente para fazer algumas compras”, afirma o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, ressaltando que a liquidez é bastante reduzida. “O mercado está em compasso de espera para ver como o novo arcabouço será recebido no Congresso. Se for positivo, na minha opinião o dólar vem para baixo de R$ 4,85”.

À tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a proposta de lei complementar da nova regra fiscal está na Casa Civil e pronta para ser entregue ao Congresso amanhã, 18. “É o mesmo texto apresentado, tem uns detalhezinhos legais”, disse.

A Secretária de Comércio Exterior (Secex) informou hoje à tarde que a balança comercial registrou superávit de US$ 2,204 bilhões na segunda semana de abril. O saldo acumulado no mês chegou a US$ 5,067 bilhões. Em março, houve superávit de US$ 10,96 bilhões, o maior valor para todos os meses desde o início série histórica da balança comercial, em 1989. No ano, o saldo é positivo em US$ 20,911 bilhões.

“É fácil descartar o superávit comercial do Brasil e apontar outras coisas que não são perfeitas. Mas não há nada de ‘normal’ no superávit de março, que é enorme em relação ao mesmo mês dos anos anteriores. O status do Brasil como exportador de commodities o coloca em um ponto de destaque global”, afirma hoje, no Twitter, o economista-chefe do Instituto Finanças internacionais (IIF), Robin Brooks, que reafirma seu preço justo de R$ 4,50 para a taxa de câmbio.