Contrariando a desvalorização no exterior, o dólar opera em alta nos primeiros negócios desta segunda-feira, atingindo máxima a R$ 5,2754 (+1,29%) no mercado à vista há pouco. “O mercado ajusta-se à aversão ao risco em função da quebra do norte-americano Silicon Valley Bank (SVB) e acompanha a alta de mais de 1% do dólar ante peso mexicano nesta manhã, o seu principal par entre moedas emergentes, afirma o diretor Jefferson Rugik, da corretora Correparti.

O mercado local opera ainda sob expectativa do anúncio do novo arcabouço fiscal nesta semana, que antecede a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Olha também o boletim Focus, que mostrou piora nas projeções para IPCA para 2023 e 2026. Na agenda de hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa de evento para falar sobre a reforma tributária (10 horas).

Em entrevista à CNN Brasil na sexta-feira à noite, Haddad indicou que a âncora de gastos será uma “combinação virtuosa” de mecanismos para acompanhar contas públicas. Segundo ele, a norma não será uma regra de dívida. Ele também voltou a criticar os juros no Brasil, atualmente em 13,75% ao ano, e declarou que tomou providências para reduzir o déficit público.

Ele ainda destacou que tem conversado com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, com muita frequência e que já entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva três sugestões de nomes para ocupar as diretorias de Política Monetária e Fiscalização do Banco Central, cujos mandatos dos atuais ocupantes terminaram em 28 de fevereiro. Segundo o ministro, ele sugeriu nomes de perfil acadêmico, técnico e de mercado.

No exterior, a queda do dólar perdeu um pouco de fôlego em meio aumento de apostas em Fed dovish nos juros na próxima semana, após o payroll misto dos EUA, da falência do SVB e diante do risco sistêmico.

Os juros futuros cedem na esteira dos retornos dos Treasuries. O CME Group apontava há pouco que a chance de uma alta de 25 pontos-base pelo Fed na decisão de 22 de março estava em 74,5%, com 25,5% de possibilidade de manutenção da política monetária. Agora, não havia chance de alta de 50 pontos-base. Mas o avanço do dólar ante o real serve de contraponto à pressão externa de baixa sobre as taxas de juros.

Ontem à noite, o Fed e outros reguladores americanos garantiram que clientes do falido SVB terão acesso integral a seus depósitos. Além disso, o Fed anunciou um programa de emergência para evitar que a quebra do SVB, a maior nos EUA desde 2008, se transforme numa crise sistêmica.

Na sexta-feira, as taxas de juros fecharam em alta após quatro quedas consecutivas, mas recuam nesta manhã. A curva a termo segue precificando chance de início de redução da taxa básica de 13,75% em maio, de 25 pontos-base, mas pouco menores do que no dia anterior.

Às 9h40, o dólar à vista subia 1,16%, a R$ 5,2674. O dólar abril ganhava 1,05%, a R$ 5,2885.