Presa em abril passado no bojo de uma operação contra tráfico internacional de cocaína entre Brasil e Portugal, a doleira Nelma Kodama passou a noite desta quinta-feira, 20, na sede da Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Salvador após desembarcar de Lisboa. A “Dama do Mercado”, que ficou seis meses detida em Portugal, passa na manhã desta sexta, 21, por exame de corpo de delito e deve ser encaminhada ao Complexo Penitenciário da Mata Escura, na capital baiana.

A informação foi confirmada pelo escritório Nelson Wilians Advogados, que representa Kodama. Na quarta-feira, dia 19, a banca informou que a doleira havia renunciado ao processo que tentava barrar sua extradição para “se apresentar e colaborar com a Justiça”. “Esse é um passo importante para a apuração e esclarecimento dos fatos. Dessa forma, ficará mais fácil comprovar que ela não tem ligação com o tráfico internacional de drogas”, disse o advogado Santiago Andre Schunck.

Kodama voltou à mira da PF oito anos após ser presa na primeira fase da extinta Operação Lava Jato, em 2014. Em 19 de abril deste ano, a doleira foi alvo da chamada Operação Descobrimento, quando agentes da Polícia Federal vasculharam 46 ordens de busca e apreensão e nove mandados de prisão preventiva nos dois países.

Segundo divulgou a corporação à época, a investigação mirou numa suposta organização criminosa integrada por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).

‘Amada Amante’

Kodama se tornou conhecida ao ser presa, na primeira fase da Lava Jato quando tentava embarcar para Milão, na Itália, com 200 mil euros escondidos na calcinha. Em 2019, ela voltou aos holofotes depois de publicar uma foto em seu perfil no Instagram com vestido vermelho, sapato ‘Chanel’ e a tornozeleira eletrônica.

Outra aparição emblemática da doleira se deu durante um depoimento à CPI da Petrobras em 2015, em que cantou trecho de “Amada Amante”, música do Rei Roberto Carlos para explicar como era sua relação com o doleiro Alberto Youssef.

Kodama teve extinta sua pena de 15 anos de prisão decretada na Operação Lava Jato graças ao indulto natalino concedido no final de 2017 pelo ex-presidente Michel Temer (MDB).