O candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, avaliou que a atuação do ex-governador João Doria (PSDB) no partido abriu uma “janela de oportunidade” que possibilitou a entrada do ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB) na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A chapa, afirmou, “uniu dois veteranos da política” em um grande causa, a liberdade.

Segundo o petista, ao colocar Rodrigo Garcia (PSDB), “um estranho no ninho tucano”, para impedir a candidatura de Alckmin ao governo paulista, Doria abriu “uma janela que talvez não estivesse no nosso horizonte”. A declaração de Haddad foi dada durante sabatina promovida pelo Estadão em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP).

“Rodrigo Garcia sempre foi do DEM, apoiava o (Paulo) Maluf, apoiou o (Celso) Pitta, fez parte da administração do Pitta, depois do (Gilberto) Kassab”, disse, lembrando da carreira política do atual governador.

Alckmin, que fez parte do PSDB durante 33 anos, deixou o partido após uma série de desgastes. Entre eles, a exigência de que, para concorrer ao governo de São Paulo, ele participasse de uma prévia para decidir o nome do PSDB a concorrer ao governo.

Para o ex-prefeito da cidade de São Paulo, também há um cansaço natural no eleitorado paulistano do PSDB. “São 28 anos com o mesmo governo, com o mesmo grupo político”, avaliou.

Religião

Reagindo à associação da primeira-dama Michelle Bolsonaro das religiões de matriz africana às “trevas”, Haddad criticou a “nova ameaça” do governo federal de opor uma religião à outra. “Agora vem uma nova ameaça, na questão religiosa, você opor uma religião a outra em um País que acolheu gente de todos os credos, e que sempre festejou, de certa maneira, o fato de nós convivermos pacificamente”, afirmou o ex-prefeito durante a sabatina.

Na semana passada, Michelle Bolsonaro usou as redes sociais para afirmar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “entregou sua alma para vencer essa eleição”. A mensagem acompanhava um vídeo antigo em que o petista se encontrava com representantes de religiões afro-brasileiras.

A socióloga Rosângela “Janja” da Silva, mulher do ex-presidente Lula, rebateu a publicação no mesmo dia. “”Eu aprendi que Deus é sinônimo de amor, compaixão e, sobretudo, de paz e de respeito. Não importa qual a religião e qual o credo. A minha vida e a do meu marido sempre foram e sempre serão pautadas por esses princípios”, escreveu Janja no Twitter.