A Polícia Civil prendeu nesta terça-feira, 9, duas pessoas suspeitas de cultivar centenas de pés de maconha em um endereço localizado na praia da Enseada, no Guarujá, litoral de São Paulo. No laboratório que foi descoberto pelos policiais era produzida a droga K9, conhecida como maconha sintética ou droga do efeito zumbi.

Os agentes do Deic (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de Santos realizaram a operação em dois endereços no Guarujá. Na primeira casa, foram encontrados porções de maconha, aparelhos celulares, equipamentos e documentos relacionados ao tráfico de drogas. Já na segunda residência, os policiais civis encontraram os pés de maconha que, no total, pesavam 40 kg. A matéria-prima seria utilizada para produzir skunk, além das drogas K.

Um dos detidos, que era responsável por cultivar a droga, morou 20 anos em uma região dos Estados Unidos na qual são permitidos o uso e a reprodução da planta para fins recreativos. Já o outro rapaz preso era o caseiro.

Os suspeitos foram presos por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Segundo as autoridades, o entorpecente produzido nesse laboratório do litoral paulista era distribuído na capital.

Droga sintética tem causado preocupação; entenda

Introduzida inicialmente nos presídios de São Paulo, a droga conhecida como K2, K4, K9 ou “spice”, extrapolou os presídios do Estado nos últimos meses e se espalhou pelas ruas da capital. A Secretaria Municipal da Saúde publicou neste mês nota técnica na qual afirma ver “aumento de intercorrências” relacionadas ao uso da substância, “em especial junto à população infantojuvenil”.

A K9 foi criada em laboratório no início dos anos 2000 e tem efeito até cem vezes mais potente do que o produzido pela planta Cannabis sativa. Como o Estadão mostrou, a presença da droga no Estado começou nas cadeias e foi usada pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) como “balões de ensaio” para testar os efeitos da substância.

A matéria-prima para fabricar a K4 chega ao Brasil pelo contrabando ilegal em portos, aeroportos e fronteiras terrestres. Ela vem da Ásia, de partes da Europa e do norte da África em pequenas pedras que se assemelham a sais de banho e que, uma vez no País, são “cozinhadas” em laboratórios normais “de fundo de quintal” até serem transformadas em um líquido transparente.

Esse líquido contém princípios ativos que imitam o efeito de drogas clássicas, como maconha ou LSD, mas com potência até cem vezes maior. Para entrar contrabandeado nos presídios, ele era borrifado em folhas de gramatura mais espessa, como papel de carta, que depois era picotado e fumado em um “cigarro”. (Colaborou João Ker)