Os drones agrícolas estão revolucionando a produção agropecuária do Brasil. Apesar de ainda causarem “espanto” em alguns produtores, por terem sido introduzidos na rotina do campo recentemente, eles já estão na maioria das grandes produções agrícolas, se tornando ferramentas fundamentais na agricultura de precisão, o que ajuda a explicar o aumento de empregos no setor de pilotos de drone Brasil afora.

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Segundo dados do sistema para solicitação de acesso ao Espaço Aéreo Brasileiro por Aeronaves Não Tripuladas (SARPAS), só em 2024 foram mais de 150 mil pilotos e 100 mil equipamentos registrados, considerando o uso para os mais diversos setores, mostrando o crescimento do mercado de drones.

O agronegócio contribuiu significativamente para essa expansão. No setor, os drones transformaram o monitoramento de safras, permitindo a identificação de pragas, análise da saúde das culturas e otimização do uso de insumos. Esses equipamentos aumentam a produtividade e reduzem custos, beneficiando pequenos e grandes produtores.

De olho no potencial dos drones, Rondal Pereira Guedes, pecuarista em Nova Bandeirantes (MT), conta que investiu mais de R$ 200 mil não só na compra de um drone agrícola como em capacitação para pilotar a aeronave na fazenda da família. Segundo Guedes, o alto investimento se pagou em pouco tempo de uso.

“Sofríamos bastante com aplicação de defensivos, pois as áreas aqui não são planas, são regiões de morro, o que torna complicado trabalhar com trator. Por isso, fomos atrás do drone, apesar do alto valor, já conseguimos recuperar todo investimento”, relata Guedes. 

Ele diz que desde 2023, quando comprou o equipamento, já realizou aplicação de defensivos agrícolas em mais de 2,5 mil hectares, o que, segundo ele, sairia por aproximadamente R$ 400 mil se fosse pagar outro profissional para realizar esse serviço por ele.

“Realmente era uma dor de cabeça que tínhamos. Hoje, a pastagem está igual à lavoura, com muitas pragas. Então, se não cuidar, não tem pasto. Temos aqui uma fazenda de 600 hectares e 800 cabeças de gado, e com o drone é rápido demais para trabalhar”, explica. 

Quanto ganha um piloto de drone?

A atuação profissional, especialmente no agro, exige preparo técnico e certificação específica. A atividade é regulamentada pelo Ministério da Agricultura (Mapa) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que exigem que o interessado tenha mais de 18 anos, condições físicas adequadas e esteja registrado no Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).

O profissional deve também concluir o curso de Aplicador Aéreo Agrícola Remoto (Caar), regulamentado pela Portaria n.º 298 do Ministério da Agricultura. A formação pode ser feita em formato on-line, presencial ou híbrido, com carga mínima de 28 horas.

Aproveitando o mercado aquecido, Rai Augusto, deixou a profissão de vendedor de pneus para se qualificar dentro do mercado de drones. Hoje se tornou vendedor e professor de novos pilotos.

“Quando eu entrei foi um desafio para mim, comecei a trabalhar em uma loja de drones sem nunca ter visto um. Eu saí de uma zona de conforto para ir ganhar menos porque eu aprendi do zero, mas sabia que ia ganhar muito mais. Me aperfeiçoei, fiz curso para ser instrutor e hoje tenho minha própria loja”, conta Raí. 

Curso de drone voltado ao campo (Reprodução/Rai augusto)

Segundo o profissional, atualmente a remuneração no setor é muito vantajosa em relação a outras áreas, ficando entre R$ 4 mil e R$ 8 mil fixos, dependendo da produção, tempo de aplicação, entre outros fatores negociáveis.

“Em média, alguns produtores têm preferido pagar um salário fixo e dar uma porcentagem da produção final. Mas existe, sim, aqueles que oferecem cerca de R$ 3 mil fixos, e há quem prometa pagar R$ 5,00 por hectare de defensivo agrícola aplicado. Se o profissional aplica 5 mil hectares, por exemplo, dá um grande rendimento”, explica. 

Na avaliação do instrutor, o mercado de pilotos de drone no agronegócio deve crescer ainda mais nos próximos anos, devido às economias que o uso de drone gera para os produtores e ao ingresso dos mais jovens nos negócios da família.

“Não tenho dúvidas que é algo que veio para ficar, auxilia demais. Hoje temos muitos jovens querendo ingressar na área dos drones, posso dizer que, na verdade, faltam pilotos ainda, porque falta capacitação, mas a área está aí em amplo crescimento”, finaliza Raí Augusto.