A grande campeã

Para o veterinário argentino Ariel Maffi, vice-presidente de Ruminantes da DSM Tortuga no Brasil, expressar-se em português é sempre um desafio. Embora resida no País há 13 anos, durante 11 anos, a sua região de trabalho na holandesa DSM era a América Latina. “Além de viajar muito, a equipe, de maioria brasileira, queria que eu falasse espanhol para que praticassem o idioma”, diz Maffi. “Agora que fico o tempo todo no Brasil, sou eu que preciso praticar o português.” Falar tem sido um desafio para o executivo porque a pecuária, setor no qual a DSM Tortuga é uma das líderes de mercado, requer relacionamentos estreitos e muita comunicação. E nisso a Tortuga, empresa fundada pelo imigrante italiano Fabiano Fabiani em 1954, e comprada em 2013 pela DSM, por US$ 576 milhões, sempre foi craque. No setor da pecuária, os profissionais da empresa são chamados de Tortugueiros e nunca quiseram se desfazer dessa identidade. “Obviamente, incorporamos o mundo de uma DSM, mas o espírito Tortugueiro queremos manter”, diz Maffi. “Somos uma empresa de inovação, trazendo cultura corporativa a uma empresa familiar.” Pelo trabalho de fusão de duas culturas corporativas distintas, que vem sendo realizada de forma impecável, a DSM Tortuga é a Empresa do Ano no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2017. Além disso, ela foi a campeã em Agronegócio Indireto – Grandes Empresas e também ficou com a Melhor Gestão Corporativa na mesma categoria.

Pesquisa: a DSM foi pioneira em apresentar ao mercado os eubióticos,um blend de óleos que substituem os promotores de crescimento (Crédito:Divulgação)

No ano passado, a receita da DSM Tortuga foi de R$ 1,8 bilhão. Na moeda mãe, a DSM, uma gigante mundial, faturou no último período € 7,92 bilhões com ingredientes para as indústrias de alimentos, de rações, farmacêuticas e de cuidados pessoais. Na América Latina, a DSM Tortuga está em todos os países oferecendo soluções nutricionais para gado de corte e de leite. Possui 13 fábricas, um centro de pesquisa e uma política afinada para uma equipe de 800 pessoas, das quais 550 são profissionais das ciências agrárias. Entre eles estão veterinários, zootecnistas e agrônomos. A DSM Tortuga se tornou grande porque a pecuária brasileira é hoje um setor gigante, com cerca de 200 milhões de bovinos. “A pecuária vem se modernizando, e a suplementação estratégica, setor no qual atuamos, tem apresentado uma forte expansão nos últimos anos”, diz Maffi. “E vai crescer ainda mais. De acordo com um estudo do Rabobank, hoje 28% do rebanho recebe suplementação estratégica, mas em uma década serão 45%.”

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A suplementação estratégica, uma somatória de tecnologias de micronutrientes que inclui energia ou proteína para um determinado ciclo de produção, requer planejamento. Por exemplo, para que um animal não perca peso na seca ou até intensifique o ganho de peso na estação das águas. Isso significa que a DSM Tortuga trabalha com um tipo específico de pecuarista, interessado em melhorar a genética do rebanho, a pastagem e o desempenho da engorda em confinamento ou no pasto. Para o diretor de marketing, Juliano Sabella, a pecuária de corte atual é muito diferente daquela do final dos anos 1990, época em que os produtores passaram a fornecer minerais para o gado e onde a Tortuga. “A pecuária de corte mudou mais nas últimas duas décadas do que nos 40 anos anteriores”, diz ele. “Mudou o nível de informação do pecuarista. Ele te desafia o tempo todo. Muito diferente daquela época em que ele não sabia dos benefícios que a tecnologia pode imprimir nos negócios.”
Dias de campo: os eventos promovidos pela empresa levam conhecimento ao produtor, sobre genética, nutrição e gestão do negócio (Crédito:Divulgação)

Para dar conta desse mundo da informação, a DSM Tortuga possui no País uma equipe de 20 profissionais apenas para o marketing. Neste ano, a empresa está promovendo 1,1 mil eventos para levar informação ao campo e fazer extensão rural, ou seja, consultoria técnica. “Também temos um site, redes sociais e uma revista publicada há 63 anos, com 45 mil exemplares”, diz Sabella. “Hoje, o pecuarista busca um sistema integrado de genética, pastagem e suplementação. E quer mais e mais informações para tomar decisões.” Esses eventos podem ser dias de campo, palestras, simpósios, exposições agropecuárias, mesas redondas ou ações específicas, como o Encontro de Cria, o DSM Confinamento ou o Programa Qualidade do Leite Começa Aqui. Por exemplo, neste ano já aconteceram 11 eventos sobre cria para cerca de dois mil pecuaristas. Sobre confinamento foram 14 simpósios e 10 dias de campo para análise de tecnologias. Do programa de leite participam 7,5 mil propriedades que têm suas produções avaliada por pesquisadores da Esalq/USP. Neste ano foram avaliadas 500 mil vacas leiteiras, em relação à proteína do leite, gordura e células somáticas. “Nós somos hoje a maior empresa de extensão rural do Brasil”, diz Maffi. “E extensão é levar informação até a fazenda, para que ela aumente a sua produtividade.” Para dar conta dessa difusão de conhecimento, 70 profissionais, entre veterinários, agrônomos e zootecnistas, são intensamente treinados. Em 2016, foram dedicados dois meses a essa ação. Não por acaso, os produtos da DSM Tortuga mineralizam, por mês, dois milhões de vacas leiteiras, equivalente a 10% do rebanho do País. No confinamento, 1,7 milhão de animais recebem algum tipo de suplemento da marca. Isso equivale a mais da metade dos animais no sistema.

Além dos eventos para produtores, há dois anos a empresa passou a realizar um encontro para consultores independentes. E já se tornou o maior para capacitação desse tipo de profissional. O próximo acontece em fevereiro, em Campinas (SP), para 300 pessoas. A ideia foi de Maffi. “Quando comecei a trabalhar na DSM Tortuga, me chamou a atenção a distância entre a nossa equipe e esses profissionais. Nas fazendas havia um tipo de competição com os consultores independentes.” Nos últimos anos foram lançados no mercado diferentes moléculas de ingredientes e esses consultores têm ajudado a DSM Tortuga em sua difusão. Em 2015, por exemplo, foi para o mercado a primeira enzima para ajudar os animais a digerirem melhor o milho, o principal e mais caro ingrediente de uma ração. Neste ano, a empresa lançou o primeiro eubiótico, um blend de óleos que substitui os promotores de crescimento. “A Tortuga sempre foi uma empresa de pioneirismo”, diz Maffi. “A DSM veio para dar mais velocidade e força a ele e é assim que pretendemos caminhar”.