14/07/2022 - 12:45
O chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia, Rogério Boueri, fez nesta quinta-feira uma defesa da sustentabilidade fiscal brasileira, apesar do aumento da volatilidade no preço dos ativos. Segundo ele, as condições internacionais estão piores, mas o Brasil tem melhorado em relação a emergentes. As declarações foram feitas durante a coletiva de divulgação do Boletim Macrofiscal.
“Os números do mercado têm mostrado redução do risco fiscal. Mesmo com a PEC das Bondades, a projeção de mercado para trajetória da relação entre dívida e PIB está menor. O CDS do Brasil e de outros emergentes está crescendo. O aumento do CDS não se deve a problema interno do Brasil”, disse.
Boueri ainda declarou que o aumento do CDS brasileiro decorre do aumento da taxa de juros nominal de 5 anos dos Estados Unidos. Ele ainda afirmou que o Brasil não é uma ilha e que os juros americanos têm impacto na taxa de captação do Tesouro.
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“As taxas brasileiras não sobem mais acentuadamente que as americanas mesmo com alta de taxas de captação, há estabilidade no diferencial de juros com os Estados Unidos. A valorização do dólar também não é fenômeno isolado no Brasil. A volatilidade na Bolsa não deriva apenas das condições internas da economia”, disse.
Déficit primário
O secretário especial adjunto da Secretaria Especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Júlio Alexandre Menezes da Silva, afirmou que o déficit primário de 2022 deve ser menor que o registrado no ano passado, quando chegou a R$ 35,9 bilhões, o equivalente a 0,41% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo ele, a nova estimativa será divulgada na próxima semana. As declarações foram feitas durante a coletiva de divulgação do Boletim Macrofiscal.
Silva ainda declarou que as medidas aprovadas pelo Congresso, que criam despesas fora do teto de R$ 41,25 bilhões e promovem uma desoneração e impostos de R$ 16,51 bilhões, estão dentro do contexto de responsabilidade e consistência fiscal.
“Benefícios criados com a PEC e as desonerações de combustíveis somam R$ 57,76 bilhões, o equivalente a 0,59%. A arrecadação está subindo acima do esperado e foi possível reduzir carga tributária. Impacto primário de medidas extraordinárias será neutralizado com receitas extraordinárias. Dividendos extraordinários decorrem também de lucros extraordinários das estatais”, disse.
O secretário ainda afirmou que a despesa primária passou de 18,3% do PIB para 18,7% do PIB em 2022, inferior a 2019. Segundo ele, o resultado mostra compromisso do governo e do Congresso com controle de despesas. “A despesa pública continua controlada e em trajetória de queda”, resumiu.
Convicção nas projeções
Na mesma coletiva, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Pedro Calhman, afirmou que o governo não vê nenhum motivo para reduzir a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2023. Enquanto o governo espera um crescimento de 2,5% no próximo ano, a estimativa do Focus é de alta de 0,5%.
“Desde maio indicadores de atividade têm vindo melhores que o esperado. Vemos uma tendência de crescimento forte da economia. Mercado projetava em março um crescimento de apenas 0,3% do PIB em 2022. Estamos convictos das nossas projeções para 2023 e não vemos motivos para mudar. Condições financeiras mais restritivas já estão incorporadas na projeção do PIB de 2023”, disse.
Ele ainda declarou que a projeção para o PIB de 2022, que prevê alta de 2%, não incorpora eventuais impactos da PEC “Kamikaze” ou dos Benefícios, como prefere chamar o governo. Segundo Calhman, não é possível medir diretamente o impacto das medidas no crescimento econômico. O secretário ainda afirmou que a PEC não deve elevar a inflação de 2022. A projeção do governo para o IPCA do ano passou de 7,9% para 7,2%.