22/12/2022 - 18:04
A felicidade estampada no olhar e no sorriso dessas produtoras rurais não é apenas pose para foto. A imagem das embaixadoras do 7º Congresso Nacional das Mulheres do Agro (CNMA), realizado nos dia 26 e 27 de outubro, no Transamerica Expo Center, na capital paulista, reflete exatamente a vibração positiva que se sentia ao compartilhar o ambiente com as mais de 2,5 mil participantes. O clima era mesmo de celebração, tanto pela sensação de valorização e de reconhecimento do protagonismo feminino, quanto pela oportunidade do reencontro presencial, após dois anos sendo virtual, devido à pandemia da Covid-19.
O tema principal Coordenação das Cadeias Produtivas no Agronegócio, a Década Decisiva! trouxe outros assuntos relacionados à evolução da agropecuária nacional e à importância das mulheres nesse processo. Gestão, inovação, sustentabilidade e, sobretudo, representatividade feminina no setor foram alguns dos principais tópicos apresentados em oito mesas-redondas. Para o diretor do Transamerica Expo Center, Alexandre Marcilio, é um estímulo à integração das cadeias produtivas, da pesquisadora à produtora rural. “O CNMA representa um espaço democrático no qual as mulheres podem evidenciar sua importância no agronegócio”, afirmou.
Esse congresso é um dos poucos espaços do agro em que as mulheres são maioria esmagadora. Não se vê algo nem parecido nas entidades ou empresas do setor, o que só aumenta a relevância de se mostrar exemplos de lideranças femininas no meio rural. A diretora-geral da Elanco Brasil, Fernanda Hoe, não tinha em quem se espelhar em seu segmento quando assumiu esse cargo, em setembro do ano passado. “Fui a primeira mulher a ocupar essa posição entre as multinacionais de saúde animal”, disse. “Como não havia uma referência, eu mesma não me via nesse posto.” Segundo a executiva, atualmente, entre as mulheres da companhia, que representam 50% da força de trabalho, já há quem considere uma posição de liderança no plano de carreira.
Para a especialista em Comunicação Corporativa da Bayer no Brasil, Isabela Fagundes, esse movimento tem grande relevância para que as mulheres tenham mais segurança dentro do agronegócio. “Elas estão preparadas, vêm conquistando seu espaço, já fazem muita coisa, mas às vezes ainda se sentem inseguras”, afirmou. É por isso que desde 2018 a empresa realiza o Prêmio Mulheres do Agro, em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag): para valorizar o trabalho das produtoras rurais com enfoque em inovação e sustentabilidade. As vencedoras dessa edição, todas de Minas Gerais, foram apresentadas durante o CNMA: Helga Paiva (Ibiá), Mariana Heitor (Patos de Minas) e Juliana Rezende (Monte Carmelo), respectivamente nas categorias Grande, Média e Pequena Propriedade.
É fundamental levar a muitos outros espaços o debate que acontece no CNMA sobre a importância e a valorização das mulheres. Principalmente pelo fato de o agronegócio ainda ser um setor tão conservador. A Elanco procura envolver parceiros e fornecedores nas discussões e ações sobre equidade de gênero, exatamente para que as iniciativas da empresa não sejam ações isoladas. “Há distribuidores que já nos procuram para falar sobre o tema”, afirmou Fernanda Hoe. A executiva espera ver chegar logo o dia em que o fato, por si só, de uma mulher ocupar um cargo de liderança em uma corporação deixará de ser notícia. “Certamente, estaremos vivendo em um mundo com um ambiente muito melhor.”
Comunicação
A DINHEIRO RURAL teve uma participação especial no Youth Agribusiness Movement Internacional (Yami), maior congresso de jovens do agronegócio da América Latina, evento paralelo ao Congresso Nacional das Mulheres do Agro. O editor Romualdo Venâncio (ao centro) integrou o painel Mídia e Comunicação: Decifra-me ou Te Devoro, sobre a importância da comunicação no agronegócio.