01/05/2008 - 0:00
Na noite de 14 de abril, nos salões do badalado hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, uma concentração de artistas, empresários e criadores de gado se reunia enquanto a convidada especial da noite, a mineira Natália Guimarães, ex-Miss Brasil, subia ao palco.
Não, não se tratava de nenhum desfile. Ela estava ali para receber das mãos do pecuarista e seu conterrâneo Paulo de Castro Marques uma prenhez, cujo nome não poderia ser mais apropriado: “Miss Brasil”.
O presente marcou a estréia de Natália no mundo da pecuária e criou uma espécie de triângulo mineiro em plena capital carioca. A ação foi mais uma das surpresas preparadas para apimentar o Brahman in Concert, um leilão que criou um novo conceito para esse tipo de evento, misturando a comercialização de gado com shows musicais e, claro, muita badalação. “A partir de agora, serei uma pecuarista”, conta a ex-Miss Brasil, que começará uma criação própria.
O leilão, que já teve como palco a Sala São Paulo, onde os convidados puderam inclusive assistir a um show de ópera, se transformou na grande tacada do criador Paulo de Castro Marques, que há três anos promove o evento em parceria com a família Gutierrez, uma das precursoras da raça Brahman no Brasil.
Se como estratégia de divulgação a idéia deu certo, como negócio os resultados também não ficam para trás. A edição de 2008 do leilão faturou R$ 1,175 milhão com 24 prenhezes e seis aspirações. “O brahman era uma raça ainda desconhecida que precisava de um evento que mostrasse sua importância e ao mesmo tempo servisse como uma festa para reunir os criadores”, explica Marques.
Apaixonado por gado, o empresário, que também atua na indústria farmacêutica à frente da empresa União Química, começou sua criação há oito anos, o que encarou como uma volta às origens. Afinal, ele passou a infância em meio à criação de gado, que era tocada por seu pai em uma fazenda na cidade de Uberaba (MG) e viu no investimento em animais Puro de Origem uma oportunidade de unir a paixão pelo campo aos bons negócios. Hoje, com um rebanho de 2,7 mil cabeças, espalhadas por quatro fazendas, três no sul de Minas Gerais e uma em Mato Grosso, ele se tornou um dos mais premiados e respeitados criadores do País.
Por meio de sua empresa Casa Branca Agropastoril, o foco do trabalho está no melhoramento genético de três raças: angus, simental e, principalmente, brahman, considerada o seu principal produto.
Tanto que a raça foi responsável por 40% dos R$ 5 milhões que a empresa faturou só com a venda de genética em 2007 . “É uma raça com características excelentes e totalmente adaptadas às condições brasileiras”, diz. Resultados também atribuídos ao criterioso trabalho de seleção realizado em suas fazendas. “Temos um grande rigor na seleção dos animais, se algum apresentar características fora do padrão de qualidade, nós mandamos para descarte”, afirma.
Foi dessa seleção criteriosa que nasceu Glória, vaca brahman considerada a principal reprodutora do seu plantel. “Hoje, um embrião dessa vaca não sai por menos de R$ 150 mil. Todas as suas filhas são vencedoras de exposições”, orgulha-se.
NOVA ESTRELA: Natália Guimarães com Paulo de Castro Marques, agora parceiros de criação
Longe do tradicionalismo que caracteriza a atividade, o empresário é do tipo que sempre está atrás de inovações que surpreendam o mercado.
Prova disso foi um inédito acordo para importação de embriões da família americana Hudings. Eles são considerados os “inventores” da raça brahman e os detentores dos melhores exemplares desses animais. “Conseguimos um grande acordo em que os Hudings abriram todo o seu plantel para que pudéssemos escolher as matrizes que quiséssemos.”
O acordo custou ao pecuarista cerca de US$ 1 milhão por 500 embriões, que mesmo antes de nascer já abrem a possibilidade para bons negócio. “Já recebemos propostas de criadores da Colômbia, Argentina e Austrália. Esses embriões irão trazer um grande melhoramento na qualidade da raça no Brasil”, anima-se.