Pedro Hayashi: “Existe muito espaço para a pesquisa de novas variedades desse alimento”

O agricultor Pedro Hayashi é um sujeito inconformado. Anos atrás, ele já foi considerado o rei das batatas.

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Sua produção chegou a ultrapassar mil hectares, uma enormidade nesse setor. Tudo era vendido para grandes players como a Elma Chips, entre outras processadoras de alimentos. Mas a missão não era fácil.

Praticamente não há pesquisa para desenvolvimento de plantas melhores e as variedades existentes são todas importadas e mal adaptadas às condições brasileiras.

O resultado disso pode ser visto num altíssimo custo de produção que chega a R$ 20 mil por hectare.

Apenas como comparação, para se plantar soja no mesmo espaço, um agricultor não gasta mais do que R$ 2.000 – ou seja, 10% do valor.

O retorno, no entanto, também é diferenciado. São R$ 8 mil para cada hectare plantado de batata, ante R$ 1.500 no caso da soja. E se fosse possível produzir espécies adaptadas capazes de baixar os custos de produção?

“Seria o melhor negócio do mundo”, brinca o agricultor, cuja missão de vida é produzir a batata perfeita – mirando um mercado de R$ 13 bilhões .

Inventando comida: Mayra e Erica Hayashi, filhas do produtor, tocam o laboratório onde são multiplicadas sementes de batatas importadas e livres

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Formado em agronomia, o bataticultor passou a unir seu conhecimento acadêmico à experiência obtida no campo para buscar a sua meta. A maior parte do trabalho se dá em sua estufa, de pouco mais de 900 metros quadrados.

Por meio de técnicas de cruzamento de espécies e de clonagem de plantas, ele vai dando vida a novos tipos de batatas.

Quem observa as bandejas espalhadas pela estrutura, carregadas com centenas de mudas, não imagina que cada plantinha corresponda a uma variedade diferente. Em meio a batatas de coloração roxa ou algumas mais avermelhadas, Hayashi se anima com seu trabalho. “Cada uma dessas batatas possui uma propriedade.

O que procuro são plantas que ofereçam uma melhor produtividade, que tenham mais proteínas ou até propriedades medicinais”, conta.

Um trabalho difícil, que requer muita paciência. “A estimativa é de que a cada 100 mil mudas testadas, num prazo de oito a dez anos, apenas uma surja como uma variedade comercial”, revela o novo pesquisador. Mesmo com essa previsão de longo prazo, os resultados das pesquisas de Hayashi já começam a aparecer. “Tenho três variedades à espera de registro na Anvisa e no Ministério da Agricultura”, comemora.

Ele não revela nem os nomes nem as propriedades das futuras variedades, que podem significar a recompensa do seu trabalho. “Uma vez registrada, posso passar a comercializar as variedades e receber royalties sobre as vendas”, prevê.

Outra parte do trabalho do produtor se dá em um pequeno laboratório que ele construiu com investimentos de R$ 65 mil e que é tocado por suas duas filhas, Mayra e Erica Hayashi, ambas formadas em agronomia.

Na pequena sala é feita a multiplicação de variedades livres, sementes que já existem e que não necessitam do pagamento de royalties. “Aqui produzimos cerca de 60 mil minitubérculos da variedade “atlantic”.

Eles são comercializados para empresas parceiras”, conta. De acordo com Hayashi, só o fato de ser produzida no País já proporciona ganho de desempenho para a variedade. “As sementes produzidas aqui são tão produtivas quanto as importadas e não necessitam do tempo de adaptação que as importadas precisam.

” Além disso, outra diferença está no custo.

Enquanto uma caixa de sementes importadas custa em média R$ 130, a produzida por Hayashi sai a R$ 75. “E desafio alguém a conseguir uma produtividade melhor com a importada”, se anima o produtor-inventor de novas batatas.

No Brasil, após algumas safras no vermelho, o setor passa por um bom momento. De acordo com dados da Associação dos Bataticultores de Vargem Grande do Sul, município que responde por 90% da produção brasileira, o preço da batata está cotado a R$ 40 a saca, um crescimento de 10% em relação à ultima safra.

Considerando a produtividade média de 36 toneladas por hectare é que se chega à rentabilidade média de R$ 8 mil por hectare. Mas, mesmo com esses números, os investimentos no desenvolvimento de novas sementes são praticamente nulos.

Tanto que as variedades que se plantam hoje são as mesmas de 200 anos atrás, garante Hayashi. “Não houve nenhum tipo de evolução”, pondera.