13/05/2021 - 13:12
Relator da CPI da Covid e desafeto do presidente Jair Bolsonaro, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi alvo de ataques do mandatário e seus apoiadores durante a solenidade de entrega de 500 imóveis no bairro do Benedito Bentes, na periferia de Maceió, capital de Alagoas, nesta quinta-feira, 13.
“Sempre tem alguém picareta, vagabundo querendo atrapalhar o trabalho daqueles que produzem. Se Jesus teve um traidor, temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem no nosso país. É um crime o que vem acontecendo com esta CPI”, afirmou Bolsonaro, ecoando o bate-boca, ontem, entre seu filho Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ) e o senador na sessão da CPI em que o ex-secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten prestava depoimento.
Mesmo sem citar o nome do relator, a acusação a Renan por parte do presidente foi explícita: “o recado que eu tenho para este indivíduo, se quer fazer um show tentando me derrubar, não o fará. Somente Deus me tira daquela cadeira”.
Em meio às declarações de Bolsonaro, apoiadores do presidente gritavam “fora, Renan” e o chamavam de “vagabundo”, reproduzindo as críticas do mandatário. O governador Renan Filho, filho do senador, não participou da cerimônia, nem deve acompanhar o restante da agenda de Bolsonaro no Estado.
Além do evento para a entrega do residencial, o presidente está na capital alagoana para inaugurar um complexo viário entre as BRs 104 e 316. À tarde, ele segue para São José da Tapera para inaugurar um trecho do Canal Sertão Alagoano.
Os ataques a Renan foram ouvidos logo na chegada do presidente, ainda no aeroporto, como mostra vídeo publicado por Bolsonaro em seu Twitter.
Obra já inaugurada
Procurado pela reportagem, o governador disse que foi avisado da visita presidencial, mas que não participaria da agenda porque não iria inaugurar duas vezes as mesmas obras. “O governo estadual já tinha inaugurado as obras (desde o ano passado), não há sentido em fazer novamente a mesma coisa”, disse Renan Filho, se referindo ao trecho do Canal do Sertão, em São José da Tapera, e do complexo viário no cruzamento das BRs 104 e 316, na capital alagoana.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi criticado durante a primeira agenda do presidente, na manhã desta quinta. Em seu discurso, o ministro do Turismo, Gilson Machado, afirmou que o nordestino gosta do governo, e não gosta do PT. Neste momento, os apoiadores do presidente Bolsonaro começaram a gritar “Lula ladrão”. Já Bolsonaro, segundo o ministro, é “incorruptível”.
Machado aproveitou o evento para entregar um cheque para o Banco do Nordeste no valor de R$ 500 milhões e outro para o Banco Desenvolve Alagoas no valor de R$ 20 milhões com o objetivo de incentivar o setor de turismo da região.