10/12/2014 - 10:25
Os embarques de café verde e industrializado do país deverão crescer pouco mais de 15% em 2014 na comparação com 2013 e alcançar o recorde de 36 milhões de sacas, de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé). No período de 12 meses até novembro, o volume atingiu 36 milhões de sacas, resultado que fortalece a projeção. Nos primeiros 11 meses do ano, foram 33 milhões.
O recorde atual é de 2011, quando as exportações brasileiras chegaram a 33,5 milhões de sacas. Em 2014, lembra Guilherme Braga, diretor-geral do CeCafé, o desempenho das vendas externas tem sido puxado pela aquecida demanda pelo produto brasileiro, pela comercialização de volumes estocados nas últimas duas safras e por uma mudança de estratégia de boa parte dos cafeicultores.
Segundo ele, muitos produtores passaram a observar mais atentamente o comportamento do mercado e dosaram melhor suas vendas. Com isso, mesmo em um ano em que os preços do café subiram de forma expressiva em função da seca, houve uma certa regularidade do fluxo de comercialização.
Com o aumento do volume e a alta das cotações, a receita com as exportações brasileiras do produto também está em franca elevação. Conforme o CeCafé, entre janeiro e novembro os embarques totais renderam US$ 5,92 bilhões, 23,5% a mais que em igual período de 2013.
Entre os destinos do café brasileiro, chama a atenção o avanço das vendas para o México. O país, que tem tradição no mercado inclusive como exportador, importou do Brasil 670,7 mil sacas nos primeiros 11 meses de 2014, mais de oito vezes o volume comprado no mesmo intervalo de 2013 (78,4 mil).
A maior parte dessas importações é de café robusta (conilon) para a fabricação de café solúvel, observa Braga. O México tem um parque industrial grande e também exporta o produto industrializado. Para Braga, a boa qualidade ajudou a ampliar essas vendas de robusta brasileiro.
Com as compras deste ano, o México entrou na lista dos dez maiores importadores de café do Brasil. Ficou na 10ª posição em um ranking liderado pelos Estados Unidos – que compraram 6,6 milhões de sacas entre os meses de janeiro e novembro – e pela Alemanha (6,195 milhões).
As compras mexicanas fortaleceram as exportações brasileiras da espécie robusta, que aumentaram 145% de janeiro a novembro em relação ao mesmo intervalo de 2013, para 2,9 milhões de sacas.
Ainda que a expansão deste ano seja expressiva, o diretor-geral do CeCafé observa que o Brasil chegou a exportar cerca de 4 milhões de sacas de robusta por ano por um longo período, quando a produção dessa espécie ainda era menor no país. Há cerca de oito anos, esses embarques caíram em decorrência do crescimento da demanda interna, puxada principalmente pela indústria de torrado e moído que usa o produto para fazer os blends com o arábica.
Bruno Forzza Sarcinelli, diretor de comércio exterior da Custódio Forzza Comércio e Exportação, de Vitória (ES), estima que os embarques brasileiros de robusta poderão alcançar 5 milhões de sacas na safra 2014/15. Ele avalia que o crescimento visto neste ano se deve a uma série de fatores: a safra recorde brasileira de robusta, o menor percentual de uso por parte da indústria (que tinha estoque de arábica de menor qualidade e que substitui o robusta), o câmbio e os preços mais competitivos em relação a outras origens – como a Indonésia, que teve uma produção menor. “Os estoques de conilon estão baixos no mundo e a demanda, aquecida”, afirma ele.