23/10/2024 - 15:25
Paris, 23 – A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) trabalham no desenvolvimento e implementação de protocolos de rastreabilidade para as cadeias produtivas de frango de corte e suínos. O objetivo é incluir informações desses setores no Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade. Detalhes da iniciativa foram apresentados pelo presidente da ABPA, Ricardo Santin, durante o Sial Paris, salão internacional de alimentação realizado na França. “Estamos desenvolvendo um selo digital com blockchain, uma certificação que demonstra as práticas de uma cadeia sustentável e integrada”, afirmou Santin.
A demanda por esse projeto partiu da ABPA, que identificou a necessidade de estabelecer requisitos mínimos de rastreabilidade para a exportação de produtos das cadeias de frango e suínos. O projeto prevê a definição de critérios básicos de rastreabilidade e o desenvolvimento de um modelo, que será validado por empresas do setor e cooperativas. Uma iniciativa semelhante já foi realizada pela Embrapa em parceria com a cadeia de algodão.
Três departamentos da Embrapa estão envolvidos no projeto: Embrapa Digital, Embrapa Territorial e Embrapa Aves e Suínos. O trabalho teve início no primeiro semestre deste ano e a expectativa é que seja concluído até o primeiro semestre de 2027.
“O projeto está em fase inicial, não temos pressa. É um compromisso com o consumidor, para mostrar as boas práticas que adotamos nas granjas”, acrescentou Santin.
Essa iniciativa ocorre em um momento de incremento das exigências de sustentabilidade e rastreabilidade por parte da União Europeia, sendo a lei antidesmatamento um exemplo claro. Essa legislação pode afetar cadeias produtivas como borracha, cacau, café, carne, madeira, soja, óleo de palma e seus derivados. Assim, as cadeias de frango de corte e suínos estão atentas às novas demandas dos mercados internacionais.
Um impasse com a União Europeia envolve diretamente a indústria de frango de corte desde 2018, quando 20 frigoríficos brasileiros foram proibidos de exportar para o bloco econômico. Apesar de inspeções realizadas entre 25 de fevereiro e 9 de março em algumas dessas unidades, o embargo permanece. “Enviamos nossos comentários em resposta aos pontos levantados pelas visitas de inspeção. As respostas geralmente levam 60 dias, mas não há um prazo determinado para esse processo”, explicou Santin.
Em outra frente, para fortalecer o papel brasileiro no setor, a ABPA e o Conselho de Exportação de Aves e Ovos dos Estados Unidos (Usapeec) renovaram um memorando de cooperação durante o Sial Paris, com a intenção de promover o livre comércio global de produtos avícolas. As duas entidades se comprometem a trabalhar juntas para superar barreiras que afetam o comércio internacional, como protecionismo e questões sanitárias. Santin destacou que Brasil e Estados Unidos são os maiores produtores e exportadores de carne de aves do mundo.
“Começamos a agir em conjunto na indústria global. Somos os dois motores principais na tentativa de prevenir a criação de barreiras comerciais para os grandes produtores. A proximidade entre Brasil e Estados Unidos facilita a troca de informações e a cooperação em temas comuns”, afirmou Santin.
*Jornalista viaja a convite de BRF/Marfrig