“O agro está virando sexy”, afirmou o pecuarista e empresário Rubens Inácio logo no início da entrevista à Dinheiro Rural. A frase resume a visão que o levou a transformar o estilo de vida do campo em um negócio que inclui a marca de roupas e acessórios TXC e a Texas Center, uma mega loja em Goiânia (GO) conhecida como a “Disneylândia do Agro”.

Com origem familiar no campo, Inácio não apenas manteve seus investimentos na pecuária, com uma fazenda em Redenção (PA), como resolveu transformar o lifestyle do setor em negócio. Em entrevista à Dinheiro Rural, ele afirma que busca expandir a TXC pelo interior do Brasil para um público específico.

“O objetivo é impactar cerca de 20 milhões de pessoas no Brasil, que se encaixam no perfil da marca, em um país de 220 milhões de habitantes. Não buscamos ser uma marca da massa, mas sim atender a um perfil específico de pessoas que se identificam com o universo agro. Não queremos converter ninguém”, contou.

Rubens Inácio Foto: Divulgação

‘Disneylândia do agro’ tem estilo country e ambiente instagramável

A primeira grande aposta do empresário foi a Texas Center, loja especializada no universo agro em Goiânia. Criada em 2013, hoje ela ocupa um espaço de 2.400 m² e recebe mais de 45 mil visitantes por mês.

A proposta é que a loja funcione como uma “Disneylândia do agro”, oferecendo, além do varejo, um ambiente instagramável e experiências como barbearia e espaço infantil para consolidar o estilo de vida que a marca representa.

“Queremos que as pessoas não apenas comprem nossos produtos, mas vivenciem o estilo de vida que eles representam. É uma experiência completa.”

Loja da Texas Center em Goiânia Foto: Reprodução

O ‘brand’ do agro

Para se afastar da imagem de um mercado distante da sofisticação, o empresário fundou a TXC em 2015. O objetivo era inovar, distanciando-se das tendências tradicionais do country ou western para reforçar que o ‘brand’ do agro também pode ser moderno e ‘sexy’.

“Nós adotamos uma máxima do moderno à moda antiga. Muitas vezes a gente precisa tirar o pé da inovação, porque não queremos deixar de atender a esse cliente mais clássico. Atuamos no que chamamos de moda agro, porque o produtor que trabalha na fazenda durante a semana ele também quer vestir algo pra sair no final de semana”, acredita.

Polarização não incomoda

Por ser uma empresa identificada com os valores do agronegócio, o empresário afirma que a TXC não é afetada pela polarização política no Brasil e que a posição da empresa sobre o tema é “velada”.

“O impacto da polarização política para nós, frente ao nosso negócio, é zero, porque eu acho que não adianta muito esse embate. O Brasil é agro e pode bater no que for. Nós não nos envolvemos porque está inconsciente, a gente já tem a posição, tá no nosso negócio”, declarou.

Alta do dólar motivou criação da marca

A ideia de fundar a TXC surgiu após uma forte alta do dólar em 2015. Como a Texas Center dependia de produtos importados, que representavam cerca de 50% de seu estoque, a variação cambial impactou diretamente o negócio. A solução foi criar uma marca própria para abastecer a loja com itens nacionais.

“O dólar pulou de R$ 2,80 para R$ 4,10 em pouco tempo. Foi aí que pensamos em criar a TXC. Mandamos produzir duas mil peças e elas foram vendidas em uma semana. Ali vimos que havia uma oportunidade”, contou.

Marca aposta em 'moda agro'
Marca aposta em ‘moda agro’ Foto: Divulgação

Salto na pandemia e expansão com franquias

Após o sucesso inicial, a TXC expandiu sua presença para o varejo, fornecendo para grandes magazines. Foi durante a pandemia, contudo, que Rubens Inácio decidiu focar o crescimento da marca no modelo de franquias. Atualmente, a empresa possui 73 franqueadas, que já são responsáveis por 20% de seu faturamento.

A estratégia é priorizar cidades menores. “A gente foca em cidades do interior porque a loja se torna um destino e o cliente a visita com mais frequência. Isso significa um custo operacional mais baixo. Hoje a maioria das lojas está em municípios de até 40 mil habitantes”, afirmou.

A maior parte da receita ainda vem de pontos de venda em grandes varejistas, mas a expectativa é que o cenário mude, com as franquias ultrapassando 50% do faturamento e o número de lojas chegando a mais de 200 até 2027.