Promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Fundação MT, nos dias 28 e 29 de agosto, em Chapada dos Guimarães (MT), o VI Encontro Técnico Algodão reuniu grande parte dos envolvidos com a cotonicultura no Brasil. O público representa 61% da área de algodão prevista para ser plantada na safra 2014/15 em todo o País e 74% no estado de Mato Grosso. Consultores, engenheiros agrônomos, produtores e pesquisadores, no total de quase 200 pessoas, conferiram a programação essencialmente técnica definida por um comitê que priorizou os temas mais propícios para o período.

O público, também técnico, permitiu maior aprofundamento dos temas e os participantes tiveram a oportunidade de debater assuntos como o bicudo do algodoeiro, praga com grande potencial de reprodução e velha conhecida do produtor, que vem causando estragos safra após safra. Um talk show sobre o mercado do algodão fez parte da programação do primeiro dia, mediado pelo engenheiro agrônomo e mestre em Ciência Animal e Pastagens, José Carlos Hausknecht, com a participação de mais três especialistas. A situação do estoque da pluma, a perspectiva de crescimento da área plantada, o cenário político frente à proximidade das eleições, a negociação da safra 2013/14, a competição com as tradings, as exportações para a China e o comportamento do câmbio foram algumas das opiniões levantadas e debatidas.
Para Danilo Moraes, coordenador técnico de fitossanidade da Associação Sul Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampasul), o Encontro Técnico apresentou bons temas, principalmente os relacionados a doenças, qualidade de fibra do algodão e o posicionamento de cultivares disponíveis no mercado com tecnologias tolerantes à ramulária e outras doenças, como as da parceira Tropical Melhoramento e Genética – TMG. Nos dois dias do evento, pragas e doenças foram temas apresentados pelos especialistas Fabiano Siqueri, gestor do Programa de Proteção de Plantas da Fundação MT; Ramiro Lopez Ovejero, doutor em fitotecnia na área de manejo da resistência de plantas daninhas pela Esalq/USP; Rafael Galbieri, mestre em Agricultura pelo Instituto Agronômico de Campinas e coordenador do Departamento de Fitopatologia do Instituto Matogrossense do Algodão (IMA); além dos professores Jorge Torres, da Universidade Federal de Pernambuco (UFRPE), e Walter Jorge, do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).
Outro ponto alto do evento foi a palestra internacional com tradução simultânea do melhorista norte-americano Dr. Fred Bourland. Sob o tema “Desafios do presente e do futuro para a cotonicultura americana: ponto de vista de um melhorista”, Bourland falou sobre a importância da qualidade de fibra do algodão e fez comparações em torno do cultivo da planta no Brasil e nos Estados Unidos.  “As oportunidades e o futuro do Brasil com o algodão são gigantes. Este País compete muito bem com outros países produtores de algodão”, frizou. Com mais de 44 anos de experiência em melhoramento genético de algodoeiro, o especialista também ressaltou o controle do bicudo nas plantações americanas, que, no entanto, ainda sofrem com a expansão de um tipo de percevejo.

O tema fertilidade também foi escolhido pelo comitê técnico e ficou exposto em painéis no local do evento para discussões entre os participantes durante os intervalos. Para Alexandre Jacques Bottan, produtor nas regiões de Campo Verde, Campo Novo do Parecis, Sapezal e na Bahia, o evento teve palestras excelentes, com destaque para os trabalhos sobre o monitoramento da ocorrência de fitonematoides na cultura do algodoeiro em Mato Grosso, apresentado por Rafael Galbieri, e o controle de doenças e manejo de herbicidas no sistema RR, além do controle de soqueira de algodão RR Flex, apresentados por Fabiano Siqueri. A mesma opinião é compartilhada por João Paulo Vanin, engenheiro agrônomo e fitotecnista. “Nunca deixo de participar, pois o conteúdo é técnico e com foco em problemas atuais da nossa região. A bagagem que levo do evento é sempre boa pra mim e para repassar a minha equipe e percebemos o quanto a Fundação MT busca o que o produtor está precisando”, completou.
Evento – A sexta edição do Encontro Técnico Algodão teve como tema “Questione. Para uma cotonicultura mais eficaz!”. O objetivo é auxiliar os envolvidos com o setor a planejar de forma eficiente a safra de algodão. Na abertura do evento, o diretor presidente da Fundação MT, Francisco Soares, pontuou que somente com posicionamento técnico e racionalidade é que será possível enfrentar os novos desafios já previstos para o período.