01/10/2022 - 8:10
Apesar de novos estudos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicarem que a volta do horário de verão neste ano não traria benefícios para o Sistema Interligado Nacional (SIN), especialistas apontam que a medida pode contribuir para aliviar a pressão sobre o sistema no horário de pico, quando há um consumo maior, e reduzir o uso de fontes mais caras em alguns momentos – o que se reflete nas tarifas de energia. A longo prazo, os efeitos dependem das mudanças na matriz energética.
Presidente do ONS à época em que o governo acabou com a medida, Luiz Eduardo Barata avalia que faz sentido retomar a discussão diante do cenário atual. “Anteriormente, deslocávamos o consumo de energia do início da noite para o período da tarde para reduzir a geração térmica. Agora, devemos deslocar esse mesmo consumo para a tarde, quando temos mais geração proveniente da fonte solar”, explicou.
Em sua avaliação, o grande benefício de uma possível retomada do horário de verão seria aumentar o uso de uma fonte mais barata, o que se reflete nas tarifas.
Ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Santana defende que a medida será cada vez mais benéfica para o País. “Como depois das 17h desaparece toda energia produzida pela fonte solar, é importante que, pelo menos por algumas horas, parte disso seja compensado com redução da demanda, pois é também nesse período de tempo que começa a hora da ponta”, explica.
Santana explica que a medida pode contribuir tanto para “aliviar” a pressão do sistema num horário com maior demanda quanto para reduzir o custo para os consumidores. “Por exemplo: uma parte das termoelétricas que serão contratadas como reserva de capacidade para suprir energia nesses horários, para evitar instabilidade. Essas térmicas podem ser adiadas, o que reduz os custos”, afirmou.
Solar
Extinto há três anos pelo presidente Jair Bolsonaro, o horário de verão voltou a ser analisado devido ao crescimento da energia solar no País, sobretudo dos sistemas de geração distribuída (GD), quando o consumidor gera a própria energia. Porém, a avaliação segue semelhante à dos anos anteriores, de que o mecanismo não traz benefícios para o sistema elétrico. A decisão final, porém, cabe ao governo federal.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.