24/07/2025 - 16:50
As especiarias mudaram o rumo da história. Esse grupo de temperos que dá sabor às refeições foi um dos principais motivos das grandes navegações no período medieval, e engana-se quem pensa que a força ficou no passado ou apenas no Oriente.
+ Suco de laranja, café, carne e frutas são os produtos do agro mais expostos ao tarifaço
No século XV, as especiarias chegavam à Europa por meio de rotas terrestres e marítimas, via Oriente Médio, e tinham elevada demanda tanto na culinária quanto para fins medicinais. O problema estava na logística, uma dificuldade que, com o passar dos anos, vem sendo superada graças ao crescimento do comércio internacional.
Segundo estudo da Mordor Inteligence, o mercado global de temperos e especiarias, que foi estimado em US$ 19,89 bilhões em 2024, deverá atingir US$ 25,60 bilhões até 2029.
No passado e atualmente, os campeões na produção e exportação são os asiáticos, com amplo destaque para a Índia, que detém aproximadamente 40% de toda especiaria que é produzida no planeta, com uma produtividade média anual de 2,5 milhões de toneladas.

No Brasil, um mercado menor, os dados do Ministério da Agricultura e Pecuária mostram que, em 2024, foram aproximadamente 106 mil toneladas de especiarias exportadas, considerando gengibre, cravo da índia, canela, noz-moscada, açafrão, pimenta rosa e pimenta-do-reino. A União Europeia foi o principal destino.
Pimenta-do-reino é a campeã
A pimenta-do-reino é a principal especiaria produzida e exportada do Brasil. Em 2024, segundo dados da Brazilian Spice Association (BSA), o país produziu aproximadamente 70 mil toneladas do condimento (cerca de 50 mil toneladas foram destinadas ao mercado exterior), se consolidando como segundo maior produtor global, mas bem atrás do Vietnã, que produziu 170 mil toneladas.

Típica da agricultura familiar, essa cultura encontra no Espírito Santo seu maior polo de produção no Brasil. Segundo Aureliano Nogueira da Costa, secretário executivo da BSA, associação que reúne 36 empresas do setor em vários estados, o ponto diferencial dos capixabas foi investimento em tecnologia e pesquisa.
“O Espirito Santo é considerado o estado com melhor produtividade de pimenta-do-reino porque houve investimento em boas práticas de produção, onde você aumenta o número de plantas por área, há também manejo adequado com irrigação e um amplo controle de qualidade da produção. Além disso, é um estado pequeno com instituições e associações que facilitam o acesso do produtor rural a tecnologias”, explica Nogueira.
Segundo a Secretaria da Agricultura do Espírito Santo (SEAG), existem cerca de 11.700 estabelecimentos rurais com produção de pimenta-do-reino no Espírito Santo, representando 11% do total dos estabelecimentos agropecuários capixabas.
O IBGE aponta que em 2023, o estado produziu sozinho aproximadamente 77 mil toneladas da especiaria, mais da metade da produção nacional, com um valor de produção (VBP) que ultrapassou R$ 1 milhão.
*Estagiário sob supervisão