20/05/2020 - 7:13
O Estadão pediu nesta terça-feira à Justiça Federal em São Paulo que cobre explicações do Hospital das Forças Armadas (HFA), do Sabin e da Fiocruz sobre os laudos dos exames de coronavírus entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela defesa do presidente Jair Bolsonaro. Os testes, atribuídos ao chefe do Executivo, foram divulgados na semana passada por determinação do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, após o Estadão recorrer à Justiça para ter acesso aos dados por serem de interesse público.
No caso da Fiocruz, o laudo não possui CPF, RG, data de nascimento nem qualquer outra informação que o vincule ao presidente ou a qualquer outra pessoa. No papel, aparece apenas a identificação “paciente 5”. Em outro exame, do laboratório Sabin, Bolsonaro utilizou como codinome o nome do filho de uma das responsáveis pela coleta do material, uma farmacêutica que trabalha no HFA.
Para a defesa do jornal, os laudos apresentados, em vez de “apaziguarem incertezas sobre a saúde do presidente, fizeram surgir indagações”. O Estadão pediu à Justiça Federal que sejam ouvidos o comandante logístico do Hospital das Forças Armadas, general Rui Matsuda, e a chefe do laboratório de vírus respiratórios e sarampo da Fiocruz, Marilda Mendonça Siqueira. “Foram juntados apenas três laudos. E nenhum deles, ao arrepio de regulamento técnico aprovado pela Anvisa, faz referência ao nome do presidente. Para piorar, o terceiro documento, expedido pela Fiocruz, é ainda mais vago: não traz data de nascimento, não aponta números de CPF ou de RG, nem indica qualquer outro dado que minimamente permita a identificação inequívoca do indivíduo examinado”, afirmou o advogado do Estadão, Afranio Affonso Ferreira Neto.
O jornal quer saber do Sabin e da Fiocruz se eles já receberam, em outras oportunidades, material da Presidência da República sem o nome do paciente. No caso do Hospital das Forças Armadas, o pedido é para que se esclareça em quais datas foram realizadas as coletas de material da Presidência e para quais instituições foram enviadas as amostras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.