O governo do Estado planeja colocar todas as cidades de São Paulo em “lockdown”, entre 22 horas e 5 horas, para frear o avanço da covid-19. A medida foi defendida ontem em reunião do Centro de Contingência da Covid-19, e tem forte apoio dentro do governo, segundo apurou o Estadão. Nesta semana, São Paulo atingiu o maior número de internações em UTI desde o início da pandemia. A decisão final será tomada nesta quarta-feira, 24, quando o governador João Doria (PSDB) vai anunciar as novas restrições.

Ainda não há detalhes sobre como seria a fiscalização, mas a intenção é de que haja uma “orientação” para que as pessoas fiquem em casa nesse período. Não se fala ainda em polícia impedindo as pessoas de ir às ruas. Bares, restaurantes e comércio estariam fechados.

Segundo o Estadão apurou, o governo não pretende, por enquanto, mudar o funcionamento das escolas públicas e particulares, que voltaram às aulas presenciais neste mês. O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, é um forte defensor de as escolas continuarem abertas mesmo em períodos mais críticos da pandemia, mas tem sofrido pressão de sindicatos dos professores.

Entidades do terceiro setor, como o movimento Escolas Abertas, que reúne 150 mil mães e pais de alunos, têm se manifestado contra fechar novamente as unidades. Em países como Reino Unido e Alemanha, as escolas também foram as últimas a serem fechadas na segunda onda da pandemia que atingiu a Europa no início do ano. Mas o primeiro ministro Boris Johnson anunciou nesta segunda que elas serão reabertas em 8 de março, mesmo com o país ainda em “lockdown”, com testes em massa dos alunos mais velhos. Academias e salões de beleza, por exemplo, devem ser autorizados a abrir só depois de 12 de abril.

Interior

Em São Paulo, a situação do interior é a que mais preocupa. Algumas cidades, por causa do aumento da pandemia e do colapso no sistema de saúde, decretaram “lockdown” para tentar reduzir a transmissão do vírus, como é o caso de Araraquara. São Bernardo do Campo também anunciou toque de recolher entre 22 horas e 5 horas e adiou a volta às aulas presenciais, que seriam no dia 1.º de março. O governo tem ampliado a oferta de leitos, mas a situação pode ser replicada.

A prefeitura de Campinas decretou ontem a suspensão das atividades não essenciais no município das 21h às 5h até o dia 1º de março. Com a resolução, a cidade, que está na região da fase amarela do Plano São Paulo, passa a seguir as regras do nível vermelho, o mais restritivo. Também foram suspensas as autorizações de retomada das atividades escolares presenciais. Bares e restaurantes não poderão funcionar das 20h às 5h.

As medidas a serem anunciadas nesta quarta-feira são adicionais ao Plano São Paulo. A classificação por cores é feita de acordo com o número de infecções e mortes, ocupação de leitos, dentre outros fatores. Pelo menos quatro regiões (Presidente Prudente, Barretos, Araraquara/São Carlos e Bauru) estão no alerta máximo. A Grande São Paulo está no amarelo. Pode haver nova reclassificação do Plano São Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.