01/11/2007 - 0:00
IAFELICE: nos seus planos, usinas de biodiesel e álcool, em parceria com a Marubeni
O empresário paulista Antonio Iafelice é uma ave rara no agronegócio brasileiro. Quinze anos atrás, ele criou a trading Agrenco, com sede em Paris e atuação na América do Sul, na Europa e na Ásia. Obstinado, ele logo passou a competir com gigantes como Bunge e Cargill. De alguns anos para cá, Iafelice começou a organizar grandes encontros internacionais para discutir o futuro da agricultura não só no Brasil, como no mundo todo. Seu grande salto, porém, foi concluído no fim de outubro. No dia 24 do mês passado, a Agrenco finalizou seu lançamento de ações na Bolsa de Valores de São Paulo. Com a operação de IPO, coordenada pelos bancos Credit Suisse e ABN Amro, a empresa de Iafelice levantou R$ 666,2 milhões, numa das maiores captações da história do agronegócio brasileiro. Comercializadas com preço inicial de R$ 10,40, as ações da Agrenco serão negociadas sob o código AGEN11. A grande dúvida agora é: o que este empreendedor ousado fará com tanto dinheiro?
EXPANSÃO DOS NEGÓCIOS: a previsão é de construção de um terminal portuário nas proximidades de São Francisco do Sul, em Santa Catarina
De acordo com as regras da Comissão de Valores Mobiliários, Iafelice ainda está em período de silêncio e não pode comentar a operação. Mas muitas informações sobre o futuro da Agrenco estão no prospecto que foi apresentado aos investidores. Lá está dito que o valor captado será usado da seguinte forma: 47% para quitar dívidas, 35% incorporarão o capital de giro das empresas, 9% para a expansão da rede de negócios, 5,5% para pagamento aos credores e os 3,5% restantes não têm destino específico. Na questão da expansão, embora o prospecto não diga em que atividades serão aplicados os 9%, tudo indica que será na construção de armazéns e de um terminal portuário em São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Isso por conta da joint venture na área de logística da Agrenco do Brasil com Al Khaleej Sugar Co, uma companhia de refinação de açúcar da cidade de Dubai, nos Emirados Árabes.
INVESTIMENTOS EM ARMAZENAGEM: aplicação também contemplará novos armazéns com carregamento via transporte ferroviário e/ ou rodoviário
Na sua expansão, a Agrenco também está construindo três usinas para produção de biodiesel no Brasil. O investimento de US$ 150 milhões, em parceria com a japonesa Marubeni Corporation, foi anunciado em setembro passado. As plantas de Caarapó, em Mato Grosso do Sul, e Alto Araguaia, em Mato Grosso, serão voltadas ao esmagamento de soja e à produção de biodiesel. Juntas, produzirão um milhão de toneladas de farelo de soja e terão capacidade de gerar 316 milhões de litros de biodiesel. Já a usina de Marialva, no Paraná, será focada exclusivamente na questão do biodiesel. As três juntas devem entrar em funcionamento em janeiro do próximo ano e a projeção é de uma capacidade anual de produção de 425 milhões de litros de biodiesel. Além disso, em pronunciamento para a mídia, no início do ano, o empresário Iafelice falou da possibilidade de a empresa investir em quatro usinas de álcool, também em parceria com a Marubeni. De acordo com a definição do prospecto, a companhia “presta serviços nos setores de agronegócio e biocombustível em âmbito mundial”. Como diferencial, a empresa trabalha com produtos não geneticamente modificados, insumos agrícolas rastreáveis e soluções logísticas personalizadas. Atua desde a compra da produção, e o armazenamento até beneficiamento, transporte, venda e distribuição aos consumidores finais. Também opera 17 armazéns e terminais marítimos no Porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, e o terminal Del Guazú, na Argentina. Em termos de estratégia, o grupo pretende ampliar a participação, sobretudo no mercado asiático, por meio da diversificação de fornecedores. Outras metas são tornar-se um dos líderes mundiais de biodiesel, crescer no segmento de logística terceirizada para outras empresas, aumentar a eficiência operacional e realizar aquisições estratégicas. No Brasil, a atuação da Agrenco concentra-se nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná.
