28/08/2022 - 16:59
O declínio acentuado das ações na sexta-feira (26) reabriu uma questão que os investidores em grande parte haviam colocado em modo de espera durante o “rali de verão” visto no hemisfério Norte nos últimos dois meses: como minimizar a “dor” no que deve ser outro período contundente nos mercados.
Comentários do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, durante o Simpósio de Jackson Hole, encerraram as conversas sobre uma esperada mudança de postura do Fed, segundo a qual investidores otimistas apostavam que a queda da inflação e uma economia vacilante levariam o BC a cortar as taxas de juros no próximo ano.
Em vez disso, foi o mercado de ações que mudou. Na sexta-feira, os preços dos títulos caíram, as criptomoedas cederam e todos os principais setores da indústria registraram perdas no mercado de ações.
Perceber que o Fed está pronto para aprofundar o aperto monetário é chocante para os investidores que esperavam que o pior de 2022 já tivesse passado, dizem analistas e gestores de portfólio. Agora há mais dúvidas sobre como o aumento das taxas de juros provavelmente afetará a demanda econômica, os lucros corporativos e as avaliações das ações.
“Não estamos ‘fechando completamente as escotilhas’, mas queremos ter uma inclinação para a qualidade e uma postura mais defensiva”, disse Cliff Hodge, diretor de investimentos da Cornerstone Wealth. A Cornerstone está transferindo mais investimentos de seus clientes para setores conservadores, como os de saúde e serviços públicos, e está preparada para vender ações quando os preços parecerem altos.
O curso dos dados econômicos dos Estados Unidos nos próximos meses ajudará a dizer se o mercado continuará a se agitar ou se encontrará uma base mais estável. Esta semana, a atenção dos traders se deslocará para dados que serão divulgados antes do Fed se reunir novamente no final de setembro.
A sexta-feira irá trazer o mais recente relatório de emprego do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, o “payroll“, que deve mostrar que a economia adicionou 325 mil empregos em agosto e que o desemprego ficou ancorado em 3,5%. Um número ainda mais forte pode aprofundar a convicção dos traders de que setembro fechará com outro aumento agressivo da taxa de juros do Fed. Depois, uma nova olhada no índice de preços ao consumidor fornecerá uma atualização da inflação em 13 de setembro. A edição do mês passado mostrou os preços se estabilizando.
Assim, as negociações de sexta-feira devem ter visto a última sessão com um “cabo de guerra” sobre sinalizações de política monetária que muitas vezes colocou o Fed contra os investidores durante os últimos meses. Fonte: Dow Jones Newswires.