Os mercados de financiamento dos Estados Unidos têm se mantido relativamente calmos nos últimos dias, o que reduz as preocupações mais imediatas de que as sanções contra a Rússia possam prejudicar o funcionamento básico do sistema financeiro global. Uma grande questão para Wall Street era o quão conectados os bancos de fora da Rússia são com as instituições russas alvos de sanções do país, e também o fato de que mesmo fontes russas de financiamento que não receberam sanção podem ser agora evitadas por bancos.

A resposta breve, segundo analistas, é que ninguém sabe ao certo. Mas há razões para pensar que as conexões são relativamente modestas. E até agora os bancos consideram apenas um pouco mais caro emprestar dinheiro nos mercados de dívida de curto prazo, o que analistas veem como um sinal encorajador.

Apenas as sanções contra o banco central russo já representam um forte revés para a economia do país, evitando que o banco possa vender dólares, euros ou outras moedas para ajudar a estabilizar o rublo e conter a inflação em disparada. Um risco potencial é que tal sanção poderia retirar uma fonte direta de financiamento de curto prazo para bancos do Ocidente. Poderia ainda haver hesitação nos empréstimos interbancários, por não se saber ao certo o nível de exposição de alguns dos bancos à Rússia.

Na quinta-feira, as expectativas de curto prazo para a diferença entre uma média de taxas de empréstimos interbancárias não securitizadas e a taxa de curto prazo esperada estabelecida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) – uma medida do estresse nos financiamentos – terminou em 0,219%, na máxima desde junho de 2020, segundo a Refinitiv IFR, porém bem abaixo do nível de 0,6% atingido em março de 2020, diante da pandemia da covid-19. O custo para emprestar dólares contra outras moedas também avançou um pouco, mas seguiu abaixo dos níveis de crises.