25/03/2021 - 21:03
Seis ex-assessores do presidente Jair Bolsonaro quando ele era deputado federal sacaram 90% do dinheiro que receberam quando estavam nos gabinetes dos filhos dele. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) são investigados pelo Ministério Público do Rio. O primeiro, com outras dezesseis pessoas, já foi até denunciado à Justiça do Rio por peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e apropriação indébita.
A informação sobre os saques foi publicada nesta quinta-feira, 15, pelo portal UOL a partir de dados da quebra de sigilo bancário e fiscal autorizada na investigação contra Flávio. Como a família sempre teve o hábito de trocar funcionários entre si, a medida cautelar gerou informações sobre os gabinetes de Carlos e Jair.
No caso dos seis, contudo, não é possível saber se há indícios de irregularidades quando trabalhavam para o atual presidente. Eles estiveram no escritório dele antes de 2007, ano em que se iniciam os dados da quebra de sigilo.
Esses seis ex-empregados – Andrea Siqueira Valle, João Garcia Braga, José da Silva Valle, Michelle Almeida dos Santos, Juliana Siqueira Guimarães Vargas e Marselle Lopes Marques – retiraram em dinheiro R$ 1,41 milhão do total de R$ 1,58 milhão recebido. Os saques de montantes em espécie são uma forma clássica de facilitar processos de lavagem de dinheiro. Possibilitam transações que não deixam rastros no sistema financeiro.
A suspeita nas investigações é a de que eles empregavam, nos gabinetes, funcionários “fantasmas”. Estes repassariam boa parte do que recebiam para o próprio político, configurando assim a chamada “rachadinha”. Esse é motivo da acusação de peculato, desvio de dinheiro público por servidor.
Dos seis citados na reportagem, quatro têm algum grau de parentesco com Bolsonaro: Juliana Siqueira, prima da segunda ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle; os ex-sogros João Garcia Braga e José da Silva Valle; e Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina.
Os advogados dos procuradores que responderam aos contatos do UOL negaram irregularidades. “O senador Flávio Bolsonaro não praticou qualquer tipo de ilegalidade em seus mandatos. Todos os servidores que passaram pelo gabinete do parlamentar foram nomeados de acordo com as regras da Assembleia Legislativa e cumpriam suas funções dentro das normas da casa”, alegou Frederick Wassef, defensor de Flávio Bolsonaro.
O advogado de Carlos Bolsonaro, Antonio Carlos Fonseca, disse que não iria se manifestar porque o processo está sob sigilo.