09/10/2015 - 12:10
A agroindústria é uma atividade intensivista em mão de obra. Entretanto, o excesso e o rigor exagerado das normas brasileiras para a indústria de processamento de carnes, editadas pelo Ministério do Trabalho, está impactando negativamente no número de empregos diretos.
De acordo com o diretor de produção da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Ariel Mendes, todos os novos empreendimentos estão priorizando o aumento da automação, automatização e robotização das plantas industriais. Em consequência de normas como a IN 36 e a NR 12, um frigorífico de aves e suínos construído hoje emprega a metade dos trabalhadores de uma planta construída dez anos atrás e 1/3 do pessoal em relação há 20 anos.
Mendes palestrou no Encontro da Avicultura Catarinense nesta semana, em Chapecó, evento paralelo à EXPOESTE que encerra domingo. O dirigente lamentou que o setor seja penalizado por exigências demasiadas e desmedidas que retiram a competitividade e, na prática, não beneficiam o trabalhador.
A ABPA tenta demonstrar ao Governo e à sociedade a importância da avicultura que, sozinha, representa 1,5 % do PIB nacional e gera 5 milhões de empregos diretos e indiretos. Lembrou que o Brasil conquistou a posição de maior exportador mundial, com 8,5 bilhões de dólares em divisas, respondendo por 40% do mercado mundial de carne de frango.
Mendes assinalou que a avicultura não é sazonal, oferece renda a cada 60 dias, viabiliza as pequenas propriedades e assegura escala de produção graças ao sistema de integração produtor-indústria, custos acessíveis e tecnologia disponível. Destacou a importância do sistema integrado, objeto de projeto de lei recém-pactuado e que deve ser votado no Congresso Nacional ainda neste ano.
O Brasil tem a melhor avicultura do mundo com excelente situação sanitária, sem ocorrência de gripe aviária, new castle ou outras doenças que grassam em outros países. “A principal razão do sucesso do setor no país é o investimento em sanidade”, acrescentou. A carne de frango é a segunda mais consumida no mundo. Fica atrás, apenas da suína. De acordo com o diretor da ABPA, até 2020, o frango liderará o ranking de consumo.
“O potencial do setor é muito grande e o Brasil tem totais condições de continuar se destacando, pois possui mão de obra qualificada, boa produção de grãos e, principalmente, investimento na sanidade animal, o que garante a qualidade do produto final e consequentemente a competitividade internacional”, ponderou. Para ele, o futuro da produção no País está em agregar valor nos produtos baratos, de fácil preparo, vendidos em porções menores.
Santa Catarina é o segundo maior produtor de aves, logo atrás do Paraná. Para o diretor executivo da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) Ricardo de Gouvêa, o momento no mercado catarinense é de estabilidade. “Existe certa preocupação com o mercado interno, pois houve uma queda no consumo de proteína animal em geral. No entanto, é possível ver nesta crise econômica um potencial de crescimento para o setor avícola, pois a carne de frango acaba tendo um custo menor”, acredita.
O encontro demonstrou que a região ainda possui um potencial a ser explorado na área da avicultura e um dos principais pontos de atenção deve ser a questão da biosseguridade, como explorou o diretor de sanidade da ACAV, Paulo Roberto Pelissaro. “É importante investir em tecnologia, mas se não houver um cuidado para que as produções estejam livres de ameaças, o investimento será perdido”, destacou. Fonte: Ascom