20/05/2025 - 13:11
Países como a China não aceitarão cargas de carne de frango do Brasil que já estavam em navios, a caminho do destino, em meio ao primeiro surto de gripe aviária no país, afirmou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa grandes empresas de processamento de alimentos, nesta terça-feira, 20.
+ Gripe aviária: veja ranking dos países que mais compram carne de frango do Brasil
Em entrevista, o presidente da ABPA, Ricardo Santin, disse à Reuters que a rejeição das cargas pode variar de acordo com a data de embarque antes da confirmação do surto, variando de 14 a 28 dias, a critério dos serviços veterinários oficiais dos países de destino.
A situação coloca as empresas de processamento de carne, incluindo a BRF e a JBS, em uma situação difícil, pois lidam com custos logísticos adicionais e incertezas relacionadas à extensão dos embargos comerciais em andamento, desencadeados pela emergência sanitária.
O Brasil responde por 39% das exportações globais de carne de frango, disse Santin, citando novos dados comerciais.
A flexibilização das restrições para cargas em trânsito é uma possibilidade, disse Santin, principalmente se a carga vier de uma região distante do surto, registrado no Rio Grande do Sul.
“Mas isso exigirá negociações”, disse Santin.
México e Chile estão entre os países que também rejeitariam cargas, conforme os protocolos sanitários existentes relacionados a surtos de gripe aviária, acrescentou.
Não é possível calcular perdas decorrentes das restrições à exportação em vigor após a confirmação do primeiro surto de gripe aviária em uma granja comercial brasileira, disse Santin.
Isso ocorre porque o escopo e a duração das proibições comerciais podem variar de acordo com os protocolos sanitários e as negociações com os países importadores, disse Santin.
Alguns protocolos sanitários preveem proibições regionais ou mesmo locais à exportação, enquanto outros preveem suspensões em todo o país.
De acordo com os protocolos existentes, o Brasil suspendeu a emissão de certificados sanitários em todo o país para cargas destinadas à China, União Europeia e África do Sul, por exemplo.
No entanto, outros grandes importadores, como Japão, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, são menos rigorosos e aplicam proibições regionais de acordo com os protocolos existentes.
Santin afirmou que cabe às empresas exportadoras lidar com as cargas devolvidas, acrescentando que elas também têm a possibilidade de redirecionar algumas remessas.
Governo investiga 5 casos suspeitos
O Brasil segue investigando possíveis novos casos de gripe aviária no país. Até a manhã desta terça-feira, 20, são cinco casos suspeitos, sendo dois em granjas comerciais e três em aves criadas para subsistência. Os casos em investigação são em cinco estados diferentes: Rio Grande do Sul, Tocantins, Santa Catarina, Ceará e Pará.
Até a segunda-feira, 19, eram sete casos em análise, mas três resultados deram negativo. Foram descartados da possibilidade de gripe aviária casos nos seguintes estados: Mato Grosso, Sergipe, e uma criação para subsistência em um raio de 10 km de Montenegro, onde surgiu o primeiro foco, no Rio Grande do Sul.
Veja onde existem casos sendo investigados
- Aguiarnópolis (TO) – granja comercial
- Ipumirim (SC) – granja comercial
- Salitre (CE) – produção doméstica para subsistência
- Estância Velha (RS) – produção doméstica para subsistência
- Eldorado do Carajás (PA) – produção doméstica para subsistência
Casos descartados na segunda-feira
- Nova Brasilândia (MT) – criação de subsistência
- Grancho Cardoso (SE) – criação de subsistência
- Triunfo (RS) – criação de subsistência
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse na segunda-feira que o Brasil pode retomar o status de país livre de gripe aviária e, consequentemente, as exportações de carne de frango, caso nenhuma nova infecção seja registrada em um período de 28 dias.
“O importante é a gente fazer todo o bloqueio e o rastreamento de tudo o que saiu dessa granja. Fazendo a inutilização de toda essa produção, a gente diminui muito o risco de novos casos. Diminui muito mesmo. Feito isso, cumpre-se o prazo de 28 dias, que é o ciclo desse vírus”, disse Fávaro.
Fávaro afirmou ainda que os focos detectados de gripe aviária no Rio Grande do Sul não trarão impacto significativo no preço da carne de frango, apesar da suspensão de vendas para mais de uma dezena de países.
“Acredito muito mais em pequenas variações, pode ter um excesso de oferta, [por] 10 e 15 dias, e aí vai direcionando para outro lugar, retomando para algum país que flexibilizará seu protocolo. Portanto, eu acredito muito mais na estabilidade”, disse em entrevista coletiva para atualizar informações sobre o caso.
*Com informações de Agência Brasil