O otimismo dos produtores brasileiros de soja com o desenvolvimento da safra 2012/2013 parece mesmo inabalável. Nem mesmo as estiagens provocadas pela pouca influência do fenômeno climático El Niño, que traria um volume maior de chuvas, entre novembro e fevereiro, deve impedir o País de colher a maior safra de soja da sua história. “Se a chuva do El Niño não vier, teremos quebras de produção em alguns Estados como o Rio Grande do Sul e Paraná”, diz Rafael Ribeiro, analista de mercado da Scott Consultoria, de Bebedouro (SP). “Mas acredito que a safra de soja será um recorde, com mais de 76 milhões de toneladas.”

A baixa incidência do El Niño afetou parcialmente o ritmo de plantio da oleaginosa no Rio Grande do Sul. Até o final do mês passado o plantio estava em 51% da área cultivada, estimada em 4,4 milhões de hectares. No mesmo período do ano passado, a semeadura de soja no Rio Grande do Sul era de 70% da área. De acordo com Daniele Siqueira, analista da consultoria AgRural, de Curitiba, os possíveis problemas, caso as chuvas não caiam no Estado na época adequada, , só serão vistos durante a florada da soja, que acontece entre janeiro e fevereiro. “A falta de chuvas nesse período pode atrapalhar o desenvolvimento da planta, e gerar alguma perda”, diz Daniele. “Mas ainda é cedo para sabermos.” Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os agricultores gaúchos devem produzir até 12 milhões de toneladas de soja nesta safra, contra os 6,5 milhões vistos em 2011/2012. Para Alencar Paulo Rugeri, técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS), com sede na capital, a falta do El Niño não deve afetar tanto o Rio Grande do Sul. “Mesmo sem grandes volumes de chuva não acredito em quebras significativas no Estado”, afirma Rugeri.

No Paraná, o pequeno atraso no plantio deste ano também não deve interferir no resultado da colheita. Até o fim de novembro, foi plantado 89% da área de soja, estimada em 4,7 milhões de hectares. Na mesma época, no ano passado, o plantio estava na casa dos 95%. “Esse pequeno atraso ocorreu pela falta de chuvas no início da colheita”, diz Daniele da AgRural. “A terra estava muito seca, mas agora está tudo normal.”

De acordo com a Conab a safra 2012/203 da oleaginosa deve alcançar algo em torno de 82 milhões de toneladas, volume parecido com o antecipado pelas projeções iniciais das principais consultorias agrícolas brasileiras, que esperavam algo entre 79 milhões e 83 milhões de toneladas. O maior volume já colhido em uma safra foi registrado em 2010/2011, com 75,3 milhões de toneladas. Caso a perspectiva se confirme, a safra recorde do Brasil será 23% maior que os 66,3 milhões de toneladas colhidas neste ano.