Presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Nova York, John Williams demonstrou otimismo sobre a eficácia do trabalho do BC para conter a inflação. Em discurso nesta segunda-feira, 3, durante evento da Conferência Nacional da Câmara de Comércio Hispânica dos EUA, em Phoenix, Arizona, o dirigente previu que a inflação ao consumidor desacelere a “cerca de 3%” em 2023 e fique mais perto da meta de 2% “nos próximos poucos anos”.

Com direito a voto nas decisões de política monetária, Williams disse que o Fed está adotando “ações fortes” para conter o quadro nos preços. Ele citou as projeções recentes do BC, com mais altas de juros previstas, e também lembrou que outros bancos centrais pelo mundo apertam suas políticas monetárias. A perda de fôlego no crescimento global colaborará para conter o quadro nos EUA, notou.

Williams projetou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país fique perto da estabilidade neste ano, com crescimento “modesto” em 2023. Já a taxa de desemprego deve subir dos 3,7% atuais a “cerca de 4,5%” até o fim do próximo ano.

O presidente do Fed de NY dedicou, de qualquer modo, grande parte de seu discurso à inflação que, segundo ele, está “claramente, elevada demais”. Ele disse que o problema pode ser dividido em três frentes: os preços das commodities globais, que tiveram salto recente com a retomada pós-pandemia e a guerra na Ucrânia, mas com muitos deles recuando recentemente; problemas de descasamento entre a oferta e a demanda; e a inflação subjacente. Este último ponto reflete o balanço geral entre oferta e demanda na economia e nele “reside nosso maior desafio”, acredita o dirigente, já que os preços para serviços têm avançado em ritmo rápido, conforme a economia se recupera, e há falta de trabalhadores, o que aumenta custos com trabalho. “Na realidade, as pressões inflacionárias têm se tornado disseminadas em uma série ampla de bens e serviços.”

Williams disse que há uma “melhora significativa nas cadeias de produção globais”, o que para ele deve continuar. Ao mesmo tempo, notou que a demanda por bens duráveis “permanece muito alta”, enquanto a demanda por trabalho continua a superar a oferta. “Isso está resultando em inflação de base ampla, que demorará mais para cair”, advertiu.