Apesar da desaceleração marginal do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), de 0,52% para 0,51% na segunda quadrissemana de fevereiro, o coordenador do índice, Guilherme Moreira, elevou a projeção para o indicador ao final do mês de 0,44% para 0,45%. De acordo com Moreira, a mudança acontece pela pressão positiva do grupo Saúde (0,16% para 0,33%), na esteira dos reajustes dos planos de assistência médica (0,45% para 0,76%).

“Na ponta, esses contratos variaram 1,23%, o que indica que o componente vai seguir pressionado”, afirma o coordenador.

Na leitura quadrissemana do IPC-Fipe, apesar da aceleração marginal do grupo Alimentação (0,19% para 0,22%), Moreira destaca o arrefecimento observado nos alimentos industrializados (0,47% para 0,24%).

“Não víamos desaceleração nesse item desde o início da pandemia”, pontua Moreira, que calcula que, entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022 os alimentos industrializados tiveram alta acumulada de 52,4%, enquanto o IPC-Fipe do mesmo período foi de 24,4%. “Essa desaceleração dos alimentos industrializados, provavelmente resultado da queda no preço de alguns insumos, como papelão e frete, traz boas perspectivas para o arrefecimento da inflação como um todo”, observa o coordenador.

Entre as contribuições para a desaceleração do IPC-Fipe na quadrissemana, Moreira destaca a variação de Transporte (0,39% para 0,25%), puxada pelo aumento de ímpeto na queda de gasolina (-0,36% para -0,50%) e a queda de etanol (0,48% para -2,14%).

Na ponta, Moreira calcula alta de 0,19% para gasolina nesta quadrissemana e queda de 3,62% para o etanol. “Isso indica que o etanol deve continuar caindo, sob efeito da sazonalidade de bons resultados da safra nesse período do ano”, diz.

Em contrapartida, Moreira destaca Habitação (0,74% para 0,83%) como pressão de alta para o IPC-Fipe nesta quadrissemana, como resultado dos reajustes de energia elétrica (0,71% para 0,85%) e dos serviços de comunicação (1,35% para 1,45%).