A Fitch Ratings decidiu rebaixar sua avaliação para os títulos em moeda estrangeira e moeda local de longo prazo da Argentina, de ‘CCC’ a ‘CCC-‘. A decisão “reflete desequilíbrios macroeconômicos profundos e uma posição de liquidez externa altamente restrita”, que devem minar a capacidade de “repagamento” do país à medida que o serviço da dívida em moeda estrangeira ganha fôlego nos próximos anos.

Para a agência de classificação de risco, o Mecanismo de Fundo Estendido que o Fundo Monetário Internacional (FMI) criou em março ainda não se provou uma âncora forte o suficiente para promover políticas que melhorem as reservas internacionais e as perspectivas de uma recuperação no acesso aos mercados. Neste contexto, “não está claro se isso (o instrumento do FMI) será capaz de qualquer resultado até as próximas eleições de 2023, aumentando os riscos de um evento de crédito”, ressalta.

Além disso, a inflação argentina deve atingir 100% em 2022, maior nível em décadas, projeta a Fitch. O Banco Central da República Argentina (BCRA) elevou os juros a 107% ao ano, de 45% antes do início do ciclo de alta, mas ainda não conseguiu alcançar juros reais positivos como se pretendia, destaca a instituição.

Neste cenário de juros básicos elevados e reservas escassas, a sustentabilidade da dívida pública argentina apresenta riscos, na avaliação da Fitch. O governo financiou seus gastos recentemente por meio do mercado local de pesos, uma vez que o financiamento do BCRA foi reduzido, lembra.

“Isso exigiu prazos mais curtos e taxas mais altas, resultando em um agrupamento de vencimentos em meados de 2023 que pode ser difícil de rolar em meio a possíveis instabilidades eleitorais”, alerta a agência.