16/05/2023 - 17:40
O Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais otimista com o desempenho do Brasil neste ano e vê a economia doméstica ganhando tração a partir de 2024, conforme relatório publicado nesta terça-feira, 16. No âmbito fiscal, o organismo afirmou que apoia o esforço das autoridades de melhorar a posição fiscal do País, mas recomenda um esforço “mais ambicioso” para além de 2026, último ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O FMI espera que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça 1,2% em 2023, melhor que a sua estimativa anterior, de alta de 0,9%. Em 2022, a expansão foi de 2,9%.
Para 2024, o FMI vê um crescimento maior, mas piorou sua projeção para uma alta de 1,4% contra aumento anterior de 1,5%.
As novas estimativas foram divulgadas nesta terça no relatório Artigo IV, documento anual do Fundo que avalia a economia de seus países-membros e que foi divulgado após conclusão da missão do organismo ao País, realizada entre os dias 2 e 16 de maio.
“O crescimento da economia está moderando, mas espera-se que ganhe força a partir do próximo ano”, diz Ana Corbacho, chefe da missão do FMI no Brasil, no relatório. No médio prazo, o Fundo prevê crescimento de 2% para a economia brasileira.
De acordo com ela, o custo de vida no Brasil diminuiu “rapidamente”, mas o núcleo do indicador, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, continua alto e as expectativas de inflação passaram a subir gradativamente. “Baixar a inflação é crucial para proteger as famílias vulneráveis, que são as mais prejudicadas pela inflação alta”, diz Corbacho, no documento.
O corpo técnico do FMI vê a inflação no Brasil convergindo para a meta até meados de 2025. Para este ano, a meta estabelecida no País é de 3,25% e, em 2024, de 3%, com intervalo de 1,5 ponto porcentual para cima e para baixo.
Quanto à situação fiscal, o FMI afirma que apoia o compromisso das autoridades em melhorar a posição do Brasil, na busca de um superávit primário de 1% do PIB até 2026, mas cobra que o País vá além. “O corpo técnico recomenda um esforço fiscal mais ambicioso que continue além de 2026 para posicionar a dívida numa trajetória firmemente descendente e, ao mesmo tempo, proteger os gastos sociais e de investimento”, diz.
O Fundo defende ainda que o Brasil avance no sentido de implementar um arcabouço fiscal reforçado, ampliar a sua base tributária e capitanear reformas que enfrentem a rigidez dos gastos no País. Na sua visão, a aprovação da reforma tributária “simplificaria consideravelmente o regime e poderia aumentar o produto potencial”.
Para o FMI, a política monetária no Brasil é consistente com a redução da inflação e o regime de metas tem servido bem ao País. A posição do Fundo ocorre em meio a recentes discussões sobre a possibilidade de uma mudança da meta da inflação, tema que também tem sido debatido nos Estados Unidos e em países da Europa, onde a meta é de 2%.
Em meio à recente turbulência bancária, com a quebra de bancos nos EUA, o FMI diz que o sistema bancário do Brasil é “sólido, resiliente e que os riscos sistêmicos estão contidos”. O Fundo alerta, porém, para riscos de um maior uso dos bancos públicos, como já ocorreu em governos anteriores do PT.
“Uma participação maior dos bancos públicos deve ser administrada com cuidado
para mitigar os riscos para a sustentabilidade fiscal e a transmissão da política monetária”, avalia o FMI, sugerindo ainda a necessidade de iniciativas de educação financeira no País.
O organismo faz menção ainda à inovação do sistema financeiro e à agenda verde no Brasil. Na sua visão, o Banco Central (BC) está na vanguarda do tema, citando o Pix, sistema de pagamentos instantâneos, como um “grande sucesso” e ainda benefícios do Real Digital. No aspecto ambiental, o FMI reconhece uma “agenda ambiciosa” para fomentar uma economia sustentável, inclusiva e verde.
“As oportunidades para um crescimento ambientalmente sustentável são consideráveis, em especial alavancando a vantagem competitiva do Brasil em energias renováveis”, diz o Fundo. “Apoiamos os planos das autoridades para reforçar a resiliência climática, interromper o desmatamento ilegal e descarbonizar a economia”, conclui.