O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomenda que o Banco do Japão (BoJ) aumente a flexibilidade do programa de controle da curva de juros (YCC, na sigla em inglês) e retire rapidamente os estímulos monetários, caso os riscos inflacionários mais pronunciados se concretizem. A orientação consta em relatório sobre análise regular sobre a economia do país, divulgado nesta quinta-feira, 26.

No documento, o FMI afirma que há incerteza “excepcionalmente alta” em relação às projeções de inflação, que é impulsionada pela depreciação do iene, apoio fiscal e aumentos salariais maiores que o esperado. Em dezembro, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu à taxa anual de 4%, maior nível em mais de quatro décadas.

Nesse cenário, o BoJ mudou as configurações do controle da curva de juros e ampliou a banda de variação do rendimento do JGB (título emitido pelo governo) de 10 anos do intervalo de -0,25% a +0,25% para o de -0,50% a +0,50%. “Dados os riscos de dois lados para a inflação, mais flexibilidade nos rendimentos de longo prazo rendimentos ajudaria a evitar mudanças abruptas mais tarde”, diz o FMI.

O Fundo avalia que o BC japonês pode voltar a aumentar banda de variação do JGB de 10 anos ou elevar, encurtar a meta da curva de juros ou desistir de uma meta paro o retorno e adotar uma baseada nas compras de papéis.

“No cenário em que se materializem riscos significativos de inflação ascendente, a retirada dos estímulos monetários terá que ser muito mais forte – os juros de curto prazo podem ter que subir muito mais cedo e acima da taxa neutra para ancorar a inflação de volta à meta de 2%”, destaca.

Iene

As intervenções do governo japonês no câmbio podem equilibrar a cotação do iene com os fundamentos macroeconômicos, mas devem ser limitados a momentos de desordem nos mercados, avalia o FMI no relatório.

No documento, o FMI ressalta que a desvalorização da divisa japonesa em 2022 refletiu principalmente a divergência entre a política monetária ainda acomodatícia do BoJ e o aumento de juros na maior parte das maiores economias do planeta. Ainda assim, “a análise empírica sugere que a taxa de câmbio havia depreciado mais do que o implícito pelos drivers subjacentes após junho”.

A instituição prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da nação insular asiática crescerá 1,8% em 2023 e 0,9% em 2024.