Nesta sexta-feira, 16, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), confirmou o primeiro foco de gripe aviaria em granja comercial no Brasil. Em decorrência, segundo o ministro da pasta, Carlos Fávaro, a China e a União Europeia suspenderam a importação de frango de todo o Brasil.

“A partir de hoje, por 60 dias, a China não estará comprando carne do frango brasileiro. Diferente de outros países que já mudaram o protocolo e a limitação se restringe no momento ao Rio Grande do Sul e posteriormente apenas ao município”, disse Favaro. 

O vírus da influenza alta patogenicidade (IAAP), conhecido como gripe aviária, foi detectado em um granja no estado do Rio Grande do Sul, no município de Montenegro, região metropolitana de Porto Alegre.

“Outros países que já mudaram o protocolo ficam restritos ao estado do Rio Grande do Sul momentaneamente e depois somente o município de Montenegro, que é onde tem o foco, até que volte à normalidade. O processo deve durar entre 28 e 60 dias e aí com eficiência, com transparência, o Brasil deve voltar à normalidade em todo o país”, disse o ministro.

Ele observou que apesar de o status de emergência pela China durar 60 dias, acredita que o Brasil poderá voltar a exportar aos chineses antes desse prazo, caso não seja registrado outro foco e o trabalho de isolamento do problema seja feito adequadamente.

A suspensão automática e da forma de autoembargo também está prevista no protocolo de exportação de frango acordado entre o Brasil e a União Europeia. O Brasil, segundo o ministro, negocia a regionalização do protocolo com o bloco europeu, pleiteando que as exportações sejam restritas apenas à região do foco detectado, em um raio de 10 quilômetros, ou ao Estado.

Fávaro acrescentou que o Brasil tem acordos com países como Japão, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita que permitem uma regionalização do embargo apenas ao Estado atingido, limitando impactos econômicos. Na sequência, a restrição passa a ser apenas para o município atingido.

O que preocupa?

Em entrevista a IstoÉ Dinheiro Rural, a mestra em Biociência Animal e professora de Medicina Veterinária da Una, Gisele da Fonseca Ventura, explicou que é fundamental cuidar para não seguir o roteiro norte-americano, onde uma crise foi estabelecida devido a gripe aviária.

“Apesar de termos ótimas condutas de controle ao falarmos de granjas aviarias, houve a entrada dessa infecção. É importante observar que é uma H5N1 é um vírus muito sensível a aves em geral tendo uma alta preocupação com a falta aves silvestres que podem sim, servir como vetores facilitando a contaminação de granjas vizinhas. O potencial em relação a contaminação no país depende muito das medidas de contingências tomadas a partir deste momento”, explica. 

Granja de galinhas (Crédito: Envato)

Sobre o tempo necessário para o controle do vírus, ela explica que são necessários 21 dias seguidos de desinfecção no abatedouro, que deve ocasionar a interdição do local, não permitindo a entrada de nenhuma ave para o abate. “Isto também se aplica para granjas contaminadas, para que seja garantido a eliminação do vírus.”

Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo

O Brasil é atualmente o maior exportador mundial de carne de frango. Em 2024, o país vendeu 10 bilhões de dólares (R$ 56 bilhões) em produtos avícolas, equivalente a 35% do comércio global.

“A China sendo nosso grande consumidor e fechando essas portas pode também influenciar outros mercados , sendo um golpe grande para economia do país. Mesmo sendo uma medida que interrompe a venda por 60 dias é um ponto de atenção importante pois revela certa deficiência sobre a manutenção de planos de contingência e sanidade”, explica Ventura.

“Medidas já estão sendo tomadas”

Em nota, o MAPA disse que já está tomando as medidas necessárias para conter e erradicar o foco, além de realizar a comunicação oficial à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), aos parceiros comerciais do Brasil e outros.

“As medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas e visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população”, explicou o comunicado.

A doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves ou de ovos, afirmou o ministério, observando que o risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) ressaltam que a situação é pontual e que todas as medidas necessárias para o contingenciamento da situação foram rapidamente adotadas, e a situação está sob controle e monitoramento dos órgãos governamentais.

*Estagiário sob supervisão