01/01/2010 - 0:00
liderança O Brasil é hoje o maior exportador de tabaco do mundo
A indústria brasileira do tabaco está a todo vapor. Nos últimos anos, cresceu significativamente o volume de folhas de tabaco e derivados exportados para mais de 100 países do mundo. Nem a crise financeira iniciada em 2008 foi capaz de prejudicar o setor. Em 2009, segundo dados do SindiTabaco – Sindicato da Indústria do Tabaco, a produção da safra 2008/2009 na região Sul do Brasil, responsável por 95% da produção nacional, superou a expectativa de 715 mil toneladas e alcançou 739 mil toneladas, um crescimento de 3,3%.
Nesse balanço, apenas o Estado de Santa Catarina sofreu leve declínio no volume da safra, enquanto o Paraná e o Rio Grande do Sul superaram a produção da safra anterior.
De acordo com Iro Schünke, presidente do SindiTabaco, a safra 2008/2009 teve um menor volume exportado do que a anterior, porém, o valor das vendas em dólares foi superior. “Isso aconteceu devido à oscilação da taxa cambial.
Com a desvalorização do dólar, nosso produto acabou ficando um pouco mais caro, o que gerou esse aumento nos preços.” Para se ter uma ideia, de janeiro a dezembro de 2008 foram produzidas 686.363 toneladas de folhas de tabaco, o correspondente a US$ 2,7 milhões enquanto de janeiro a novembro de 2009, foram produzidas 635.254 toneladas, totalizando US$ 2,9 milhões.
Mesmo com a queda no volume exportado, a cultura do tabaco no Brasil cresceu em vários aspectos. A área plantada no Sul do País aumentou. Dados do Anuário Brasileiro do Tabaco mostram um aumento de 348.720 hectares na safra 2007/2008, para 373.960 na safra seguinte.
Além disso, o valor por hectare de tabaco plantado também cresceu e passou de R$ 11.075 para R$ 11.983. Os números tiveram um reflexo positivo para os agricultores, já que a renda per capita das 186.580 famílias produtoras do Sul também cresceu e passou de R$ 7.597 para R$ 9.256 no final do ano passado.
Esses dados mantêm o Brasil como o segundo maior produtor de tabaco do mundo, depois da China. “Nosso maior comprador é a União Europeia, com 40% do total exportado, seguida pela Ásia com 20%”, explica Schünke.
Do total produzido no Brasil, apenas 15% é para atender à demanda interna, que também sofreu mudanças. O produtor Erno Lindolfo Bauermann produz folhas de tabaco em Santa Cruz do Sul (RS) há 35 anos e diz que nunca as chuvas na região prejudicaram tanto sua produção como nesta safra.
“Por causa das tempestades, perdemos cerca de 30% das dez toneladas que costumamos produzir. Mas mesmo assim os preços se mantiveram bons.”
Apesar do quadro, o aumento no valor do tabaco brasileiro no mercado externo preocupa a cadeia. Schünke explica: “O nosso tabaco já foi um dos mais baratos e com a queda do dólar está se tornando pouco competitivo. Se nossos compradores conseguirem encontrar preços melhores e com qualidade equivalente em outros mercados, certamente irão fazer negócio e perderemos espaço.”
Fumo de ouro
A cidade de Santa Cruz do Sul (RS) se tornou notória por ser uma das maiores produtoras de folhas de fumo no Brasil. A cultura, que conta com alto valor agregado, é subsistência de 3400 proprietários que cultivam, em média, três hectares. Em consequência disso, a região se tornou um polo da indústria que conta com fábricas como a Universal Leaf Tabacos, Philip Morris, Souza Cruz e Aliance One. Ao todo, a cidade possui pouco mais de seis mil hectares plantados, que resultam no processamento de 14 mil toneladas de fumo ao ano. A cidade faz jus à importância que o Estado possui sendo um dos principais produtores do País. Para se ter uma ideia, o Estado todo produziu cerca de 380 mil toneladas na safra 2008/2009. Segundo dados da Secretaria de Agricultura de Santa Cruz do Sul, as condições geográficas e climáticas fazem da cidade uma espécie de oásis para o cultivo, havendo poucas regiões no Brasil capazes de produzir folhas com a mesma qualidade.