A partir do segundo semestre deste ano, o Brasil terá mais uma empresa de exportação de carne de frango. No dia 12 de abril, foi inaugurada em Santo Inácio, uma pequena cidade no norte do Paraná, a 500 quilômetros de Curitiba, a primeira unidade industrial da BR Frango. O nome da nova empresa pode até sugerir algum parentesco com a BR Foods – que com a marca Sadia e outras é uma das maiores exportadoras do País -, mas a história para por aí. A BR Frango tem como sócio majoritário o empresário Reinaldo Morais, um dos ex-donos da Frangobras, vendida em 2008 para a gigante americana Tyson Foods, que em 2011 faturou US$ 32,2 bilhões nas operações realizadas em 18 países. Junto com três empresários do Paraná, Morais investiu R$ 155 milhões. Desse total, 50% foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco do Brasil (BB). “Vamos brigar por uma fatia do mercado exportador de aves”, diz Morais. “Empresários espanhóis e franceses já visitaram a nova planta industrial e ficaram interessados em nossos produtos.”

O projeto da BR Frango é abater 210 mil aves por dia e faturar R$ 250 milhões até o fim deste ano; e chegar à capacidade máxima de abate do frigorífico, em 2013, que é de 420 mil aves em sistema integrado. “Para abastecer o frigorífico devem se integrar ao sistema 300 aviários da região”, diz Morais. Segundo a empresa, a economia de 25 municípios da região noroeste do Paraná e oeste de São Paulo será beneficiada, com a criação de mais de 2,5 mil postos de trabalho diretos e a expectativa de outros dez mil indiretos. A empresa tem como foco exportar 60% da produção para a União Europeia, outros 30% para os Emirados Árabes Unidos, o Líbano e o Iraque, e 10% para o Oriente Médio e a Ásia.

MORAIS: com o frigorífico, a economia de 25 municípios do Paraná e de São Paulo será beneficiada

No ano passado, a indústria brasileira abateu 5,3 bilhões de animais, um aumento de 5,6% em relação a 2010, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Paraná foi o maior produtor do País, com 1,38 bilhão de aves, 26% do abate nacional. A produção total de carne de frango chegou a 13 milhões de toneladas, segundo a União Brasileira de Avicultura (Ubabef), com exportações da ordem de 3,9 milhões de toneladas de carne. “Com esse volume, o Brasil é o maior exportador de frangos do mundo e o terceiro maior produtor, atrás de Estados Unidos e China, e não deve parar de crescer”, afirma Morais. O Brasil é dono de 41% do mercado mundial; acima dos americanos, com 37% de market share. As exportações renderam ao País, no ano passado, US$ 8,2 bilhões, 21,2% a mais que em 2010. Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), diz que a BR Frango nasce como uma empresa de médio porte no Estado. “Em 2013, quando a unidade atingir o potencial máximo, ela poderá ser considerada uma das grandes do País”, afirma.

Mas o projeto da BR Frango vai além da unidade industrial do Paraná. “Até 2017, vamos investir R$ 800 milhões”, diz Morais. Neste ano, a empresa começará a construir um frigorífico de 30 mil metros de área no município de Campo Novo do Parecis, o terceiro maior produtor de grãos em Mato Grosso, com capacidade para abater mais 420 mil aves por dia. O investimento é de R$ 150 milhões. “Com essa unidade, atenderemos o Norte do País, a Bolívia e também a Venezuela.” A oferta de grãos tem feito a avicultura crescer em Mato Grosso, a passos mais largos que em outros Estados. No ano passado, foram abatidas na indústria local 209,3 milhões de aves, 13,5% a mais que em 2010.

Além de Mato Grosso, outros três projetos estão no planejamento da BR Frango. Será aberto mais um frigorífico de aves no Nordeste, previsto para iniciar as operações em 2017, que também vai abater 420 mil aves por dia e, na sequência, mais dois frigoríficos em outras cadeias produtivas. “Vamos abrir um abatedouro de suínos no Centro-Oeste, para abater quatro mil animais por dia, e um de peixes, no Norte”, diz Morais. “Estamos acertando os financiamentos. Com o agronegócio em ascensão, não será difícil quitar o valor dos empréstimos necessários a esses novos investimentos.”