20/10/2020 - 12:39
O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse nesta terça-feira (20) que o Brasil não vai “fugir” da responsabilidade de atrelar o desenvolvimento econômico a padrões ambientais e sustentáveis, e que o objetivo é ser “vanguarda” no assunto. “Sabemos que cada vez mais os fluxos financeiros vão estar atrelados aos padrões ambientais, e não vamos fugir dessa responsabilidade. Pelo contrário, queremos estar na vanguarda”, afirmou o ministro na abertura do Via Viva, Seminário Socioambiental em Infraestrutura de Transportes.
Freitas comentou que o programa de concessões tocado pelo governo vai ao encontro da agenda ambiental ao priorizar o equilíbrio da matriz de transportes e projetar modelagens que já nascem com certificados verdes. “Estamos investindo em ferrovias. É no programa ferroviário que iniciamos nossa certificação”, afirmou o ministro, que citou também o incentivo a cabotagem.
Freitas também ressaltou que o Brasil tem um estoque de infraestrutura inferior ao de seus pares, e que o investimento nesse setor é uma das alavancas para o desenvolvimento e a superação de desigualdades. O ministro repetiu que o governo quer prover infraestrutura por meio da via privada – destacando a falta de recursos públicos para isso.
“Temos limitação fiscal, e o Brasil adotou compromisso com solvência que é tão importante. Tratamos a pandemia pela via fiscal, e paradoxalmente, apesar de todo o esforço fiscal feito, nós conseguimos reduzir a taxa de juros . No fim das contas, isso traz atratividade adicional para nossos projetos de infraestrutura”, disse.
Título verde
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, listou uma série de ações que estão sendo desenvolvidas no governo sob o viés do desenvolvimento sustentável, as quais, segundo ele, mostram uma preocupação com o “desenvolvimento econômico sustentável com forte defesa ambiental”. “É um governo que se preocupa com o meio ambiente”, disse.
De acordo com o secretário, entre as iniciativas que estão sendo trabalhadas na secretaria estão: a expansão do número de emissões de títulos verdes, a diversificação dos setores econômicos financiados com ‘green bonds’, e a expansão dos tipos de títulos para além de debêntures. “Ou seja, queremos expandir o mercado de ‘green bonds’ para CRAS, CRIS e FIDCS”, disse o secretário na abertura do seminário. Sachsida citou que hoje o Brasil já conta com mercado de R$ 7,3 bilhões em debênture de infraestrutura com certificação green.
O secretário afirmou também que há esforços para criar um mercado de bolsa para comercialização de cotas de reserva ambiental. “Usando o que há de mais moderno na teoria econômica para proteger o meio ambiente”, disse Sachsida, segundo quem a secretaria também quer operacionalizar as Cédulas de Produto Rural (CPRs) de floresta em pé para compensação ambiental voluntária.
“Gostaria de ressaltar que nesse contexto da retomada da atividade econômica será fundamental contarmos com recursos de investimentos verdes para ser um canal alternativo de desenvolvimento econômico”, afirmou. “Primeiro desafio: mobilizar capital privado no desenvolvimento de agenda de finanças sustentáveis”, comentou o secretário.