01/09/2008 - 0:00
Não bastasse a série de aquisições que o levou a se tornar o maior frigorífico do mundo, o grupo JBS, dono da marca Friboi, agora também é banco. Com o anúncio da criação do JBS Banco, a empresa, que teve receita líquida de R$ 14,1 bilhões em 2007, coloca em operação a unidade que irá funcionar como braço financeiro da companhia. O novo banco, que será totalmente voltado para a pecuária, disponibilizará crédito e linhas de financiamentos feitos sob medida para o setor. Com um capital inicial de R$ 30 milhões, a expectativa é de que até 2011 sejam disponibilizados cerca de R$ 350 milhões em recursos para os pecuaristas.
Só no primeiro ano, o banco deve financiar 14 mil fazendas e disponibilizar R$ 100 milhões em créditos. Números que demonstram o papel estratégico que o novo negócio terá para as operações do grupo. Isso porque, diante dos problemas de abastecimento enfrentados pelos frigoríficos, a idéia é que, com o produtor mais capitalizado, ele consiga investir mais em projetos de confinamento, diminuindo o tempo de abate dos animais e acelerando a oferta de carne no mercado. “Após passar por um período de estagnação de renda, é chegada a hora de o pecuarista tornar a pecuária brasileira ainda mais produtiva. É preciso triplicar a produtividade de carne por hectare”, afirma o presidente do grupo e agora presidente do conselho do banco, Joesley Batista Mendonça. O banco também servirá como um atrativo para fornecedores, já que no primeiro momento seus serviços serão destinados exclusivamente aos fornecedores do grupo, que poderão quitar os empréstimos através do fornecimento da carne, como explica Mendonça.
“O grande diferencial do JBS Banco é que as operações de crédito de maneira geral serão sistematicamente liquidadas com os recursos provenientes do abate de bovinos nas nossas unidades”, avalia.
De acordo com o presidente do banco, José Geraldo Dontal, para os produtores a grande vantagem será contar com uma série de produtos feitos para atender às necessidades do setor em relação à facilidade de acesso ao crédito, taxas, prazos e forma de pagamentos. “O fornecedor de gado tem necessidades financeiras muitas vezes não atendidas pelo sistema bancário tradicional, tanto em termos de financiamentos quanto de serviços financeiros. A partir da avaliação deste cenário vimos a oportunidade para o lançamento de um banco focado exclusivamente para o mercado da pecuária.”
FUNCIONAMENTO – Segundo o executivo, o banco em princípio funcionará com apenas uma agência, localizada na própria sede da empresa em São Paulo, mas já existem planos de abrir filiais em regiões importantes, como Centro-Oeste e Nordeste. Entre os produtos que o banco irá disponibilizar estão linhas de financiamentos exclusivas para custeio e investimento e antecipação de recursos para novos negócios, reposição de plantel e insumos. Os serviços serão variados, atuando no crédito para aquisição de bovinos, construção ou reforma de confinamentos, custeio de engorda de bovinos em confinamentos e adiantamento de valores a receber por conta de vendas de animais. “O banco atuará como braço financeiro do pecuarista”, planeja Mendonça, que ressalta que a instituição também contará com serviços tradicionais como cheque especial, conta garantida e CDB. Tudo para se tornar, conforme diz seu slogan, “o banco da pecuária”.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o gigante da carne sente as dores de seu próprio crescimento. Isso porque senadores ligados à bancada ruralista daquele país estão tentando barrar o crescimento do grupo JBS na América. A idéia é “proibir” que a empresa continue sua campanha de aquisições porque, segundo representantes do setor, isso concentraria muito poder na mão dos Batista, capazes de influenciar na formação de preços em algumas regiões, o que é rechaçado pelo Friboi. “Faz parte do jogo”, diz o presidente do conselho.