Bom de negócio: estilo agressivo de José Batista Jr. inspirou estratégia da unidade financeira

O empresário José Batista Jr. nunca foi de poupar esforços – nem dinheiro – na hora de fazer aquisições que acreditasse fortalecer os negócios da empresa da sua família, o frigorífico JBS Friboi. Nos últimos anos, Batista, um dos membros do Conselho de Administração do grupo, participou das grandes operações, entre elas a compra do concorrente Bertin, incorporado no ano passado. Agora, esse estilo “mão aberta” de Batista parece ter contaminado outro segmento de atuação da empresa: o banco Friboi, que se prepara para dar o seu maior salto no mercado de crédito brasileiro. Um plano de ampliação que visa duplicar sua carteira de crédito, passando dos atuais R$ 230 milhões para R$ 450 milhões nos próximos dois anos. A expectativa é registrar já em 2011 um crescimento de 30% e chegar a R$ 300 milhões. “Acreditamos que hoje exista uma grande demanda por crédito no setor. Ele sofre com a carência de recursos, já que é muito mal atendido pelo setor bancário convencional, que não consegue atender às necessidades do segmento”, explica o presidente do Banco JBS, Emerson Loureiro.

Lançado há dois anos, a instituição nasceu como uma estratégia do frigorífico para atrair e fidelizar fornecedores, numa época de falta de boi no mercado. Hoje, o banco já é um dos maiores canais de crédito da pecuária, presente nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná e São Paulo, com mais de 700 clientes e financiamento de cerca de 500 mil bois. “A grande diferença do Banco Friboi para outras instituições bancárias é que para nós o boi não é garantia. O boi é nossa moeda”, ressalta Loureiro. Isso porque, na maioria dos casos, os financiamentos tomados na unidade são anexados ao preço da arroba. Ou seja, a dívida flutua de acordo com a variação do preço do boi. “Acaba sendo interessante, pois o animal é a moeda do pecuarista. Se o valor da arroba estiver abaixo do valor no momento da tomada do crédito, o pecuarista acaba pagando menos. Claro, que existe o risco de o preço estar mais alto e é preciso avaliar os cenários”, afirma o executivo. Além de ampliar o volume de crédito disponível, o braço financeiro do Friboi também pretende ampliar sua participação em outros produtos, como a emissão de letras de crédito, voltada para pessoas físicas. “É um investimento que pode ser muito interessante. Atualmente, temos R$ 150 milhões em carteira de emissões de letras de crédito e há espaço para crescer muito”, diz.