26/08/2020 - 14:46
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou nesta quarta-feira, 26, que o Fundo Amazônia, formado em 2009 com doações bilionárias dos governos da Noruega e da Alemanha, “foi bacana”, “tem sua experiência” e teve um “baita impacto”, mas cobrou da “comunidade financeira privada brasileira” que mobilize mais recursos para financiar iniciativas com impacto socioambiental na região amazônica.
Montezano citou espontaneamente o Fundo Amazônia ao tratar da incorporação de aspectos socioambientais nas análises de crédito por parte do BNDES. O fundo, contudo, está travado há um ano, após o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente Jair Bolsonaro dispararem críticas, sob acusações de que os projetos apoiados pelo fundo serviriam para financiar organizações socioambientais, em vez de protegerem a floresta.
Segundo Montezano, o redesenho das políticas de crédito do banco de fomento, que serão apresentadas em 2021, mudará a avaliação de sucesso das ações de valores monetários, como é hoje, para o impacto dos financiamentos, dando incentivos à cultura interna para que projetos com foco socioambiental ganhem espaço. Para o executivo, o mesmo deverá ser feito no setor privado, no qual ainda haveria resistências a investir ou financiar ações na Amazônia por causa de “riscos reputacionais” e “custos operacionais”.
“Na hora que começamos a nos medir, o BNDES, demais bancos e empresas, pelo impacto, cada R$ 1 milhão ou R$ 5 milhões que se faz de empréstimos na região amazônica é muito dinheiro, é muito impactante. Vem com risco reputacional, vem com mais custo operacional, mas tem que ser feito”, afirmou Montezano, durante o seminário “Ambiente Institucional e Inovação nas Finanças Sustentáveis”, promovido pelo banco Citi e transmitido ao vivo pela internet.
O executivo citou o Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES, para exemplificar como os valores são menos importantes do que o impacto. “Vamos falar aqui do Fundo Amazônia, que é algo de certa forma polêmico no Brasil. É um negócio bacana, foi feito, tem sua experiência, está se resolvendo, mas se formos falar de dimensionamento, o fundo aplicou por ano R$ 100 milhões na Amazônia. Fez um baita impacto. Será que nós, como comunidade financeira privada brasileira, não conseguimos levantar mais de R$ 100 milhões por ano?”, questionou Montezano.
Desde sua criação, o Fundo Amazônia já aprovou 103 projetos, no valor total de R$ 1,859 bilhão, dos quais R$ 1,239 bilhão já foi desembolsado. Após as polêmicas do ano passado, o Ministério do Meio Ambiente extinguiu o comitê gestor do fundo. Noruega e Alemanha anunciaram a suspensão de seus aportes.