12/12/2025 - 17:01
Produtores brasileiros estão encontrando uma forma inusitada de ganhar dinheiro na avicultura. A aposta é no galo Índio Gigante, uma raça 100% brasileira que pode ultrapassar 1,20 metro de altura — a maior raça de galinhas do mundo.
O comércio do animal, conhecido como “nelore das aves”, é altamente lucrativo: em 2017, um galo foi vendido por R$ 154 mil durante um encontro nacional, em Guareí (SP). Embora valores tão altos não sejam regra, não é incomum que exemplares sejam leiloados por R$ 10 mil a R$ 20 mil.
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A valorização da raça cresce com o aumento da procura, do número de criadores especializados e da profissionalização dos leilões, que hoje movimentam cifras expressivas no agronegócio.
Um dos criadores que vive desse mercado é Guilherme Bueno, produtor rural de Cruzeiro (SP). Ele não apenas comercializa ovos e animais, mas também presta consultoria para novos criadores interessados em ingressar no segmento.
Guilherme começou a se interessar pela avicultura aos 13 anos e, hoje, aos 21, afirma ser grato à raça que marcou sua trajetória. Ele soma mais de 20 mil seguidores nas redes sociais divulgando o Índio Gigante.
Veja vídeo:
“Por curiosidade, eu caí na raça, e foi uma raça que me ajudou muito numa época difícil da minha vida, sabe? Então eu sou muito grato ao Índio Gigante. Comecei a divulgar meus animais, depois passei a participar de leilões para ajudar na divulgação também, e por isso venho fazendo esse trabalho de assessoria de marketing com alguns criadores”, contou Bueno à Dinheiro Rural, direto de uma criação em Uberlândia (MG).
O Índio Gigante
Conhecidos pelas pernas longas, pescoço sem penas e alimentação baseada em capim e milho, esses galos e galinhas ultrapassam um metro de altura e podem pesar até 5 kg. A espécie foi desenvolvida geneticamente com finalidade ornamental, sem foco no abate — por isso, não é usualmente destinada ao consumo.
Segundo Guilherme, os compradores costumam ter dois objetivos: criar aves de elite, destinadas a leilões; ou desenvolver matrizes com foco no melhoramento genético das galinhas comuns, aumentando peso e estatura.
Durante a criação, as galinhas índio gigante colocam cerca de 40 a 120 ovos por ano. Os ovos, contudo, não têm muita diferença no aspecto físico: são um pouco maiores que os ovos tradicionais.

As duzias de ovos que podem chegar a até R$ 1 mil não costumam ser comercializadas para consumo. Os ovos são fertilizados e vendidos para outros produtores, interessados em ingressar na criação do Indio Gigante.
“Atualmente, costumamos vender dúzias de quinze ovos. Sempre que a gente vende, acaba mandando mais três de brinde para aumentar a possibilidade de a pessoa tirar mais pintinhos. Isso porque vai depender de uma série de fatores, como transporte, fertilidade dos animais, qual galo estava com as galinhas, da chocadeira e do jeito que a pessoa fez a incubação”, explica Bueno.
Não é possível saber com precisão quantos animais da raça índio Gigante existem no Brasil. Isso porque o setor dos criadores da ave ainda não tem se quer uma organização nacional que represente e contabilize esses números.
Para criar Índio Gigante, não é necessária licença específica, mas é essencial começar com boa genética, adquirindo ovos ou matrizes de criadores confiáveis.
As aves exigem abrigos ventilados e alimentação balanceada, com ração, milho e capim. Vacinação e higiene dos viveiros são fundamentais para manter a fertilidade do plantel. São criados no chão de grandes galpões.
A reprodução pode ser feita em chocadeiras ou com galinhas naturais, e a recomendação é iniciar com poucos animais até que o manejo esteja consolidado.
Curiosidades da raça
Maior raça de galinhas do mundo em tamanho
100% brasileira
Recorde de comprimento de um galo: 1,27 m
Galinhas (matrizes) já atingiram 1,12 m
A medida oficial é feita com o animal deitado, da ponta da unha à ponta do bico
Um único galo reprodutor já gerou filhos cuja venda somada ultrapassou R$ 100 mil
Animais de elite são classificados como melhoradores genéticos e não vão para abate
A raça surgiu do cruzamento da galinha caipira tradicional (“vira-lata”) com o índio combatente, priorizando precocidade e bom peso
O Índio Gigante ainda não é registrado oficialmente como raça — processo que depende de trâmites políticos
A ausência de registro impede a exportação dos animais
