O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu que os ganhos da autonomia da autoridade monetária não são vistos “a curto prazo”, mas que a experiência em outros países mostram que ela diminui a volatilidade na economia. “Na média, os estudos mostram que a autonomia faz com que a inflação seja mais baixa e menos volátil, (…) Os ganhos da autonomia estão aí, se a gente não tivesse autonomia, no período de eleição brasileira, a gente teria tido mais volatilidade nos mercados”, disse, citando como exemplo dos benefícios da autonomia o fato de o Brasil ter tido “a maior alta de juros do mundo” durante o período eleitoral no ano passado.

Campos Neto mencionou o exemplo da Argentina, para quem, segundo ele, a autonomia do Banco Central local foi mal formulada, gerando explosão dos juros.

O presidente do BC participou de seminário organizado pelo jornal Folha de S. Paulo, que discutiu no período manhã desta segunda-feira os dois anos de autonomia do banco.

Ele disse ainda que a autoridade monetária realiza “suavização monetária”, mas ponderou que o processo tem “perdas e ganhos”. “A suavização tem ganho de um lado e perda de outro. Tenho ganho de suavizar porque causo dano menor na economia. Por outro lado, se eu suavizo por muito tempo, perco credibilidade e causo dano maior, com efeitos no crescimento econômico”, defendeu.

Campos Neto afirmou que o banco tomou medidas para aumentar a competição e reduzir o spread bancário e que houve, na sua gestão, fomento ao mercado de capitais. “Quando fomento o mercado de capitais, as empresas não vão aos bancos, que passam a alocar mais a pequenos, microempresários e cidadãos. Se diminuo crédito subsidiado e aumento o crédito de mercado, a economia ganha eficiência”, disse, ao pontuar que medidas de crédito do banco mostram resultados e que “crescimento do microcrédito é muito importante”.