05/02/2023 - 15:33
Um comboio com vários garimpeiros, incluindo mulheres e crianças, já começou a sair da área Yanomami, utilizando barcos e caminhadas a pé, que duram até 30 dias. A movimentação na Terra Indígena Yanomami foi monitorada pelo serviço de inteligência do Governo de Roraima. Por meio das fotos e vídeos, é possível observar várias pessoas saindo espontaneamente de áreas consideradas prioritárias no atendimento aos indígenas. Outra situação que chamou a atenção das autoridades estaduais é a quantidade de pessoas dentro de barcos e canoas, com lotação acima do nível de segurança.
Foi possível monitorar não apenas homens, mas também mulheres e crianças que resolveram evitar problemas com a justiça e saíram das áreas indígenas após a divulgação de uma operação integrada que deve ocorrer nos próximos dias.
O governador do Estado de Roraima, Antonio Denarium, confirmou ao Estadão que após ter acesso às informações entrou em contato com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e José Múcio (Defesa), para relatar a situação aos ministros. Denarium afirmou ter proposto ao Governo Federal que auxiliasse no apoio a saída desses trabalhadores que se encontram em área de garimpo e que escolheram uma saída espontânea e pacífica.
“Falei no início da tarde deste sábado (4) com os ministros Rui Costa e José Múcio sobre o que conseguimos apurar acerca da situação do garimpo em tempo real e propusemos ao Governo Federal, que avalie uma forma de apoiar o Estado no recebimento e incentivo para esses trabalhadores (homens, mulheres e até crianças) que desejam sair de forma espontânea e pacífica, evitando qualquer tipo de confronto”, frisou o governador.”Sei da necessidade de uma avaliação junto aos Comitês e Grupos de Trabalho montados pelo Governo Federal, sob comando do presidente Lula. E estou bastante otimista que iremos encontrar uma saída para essa crise de uma forma que o Brasil e Roraima saiam fortalecidos”, destacou Denarium ao Estadão.
Acompanhamento
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, desembarcou em Roraima no sábado, 4, para acompanhar as ações que tentam conter a crise humanitária envolvendo os Yanomamis no estado. Em coletiva de imprensa, a ministra afirmou que esse movimento de saída espontânea desses grupos é um elemento necessário para que as ações de atendimento aos grupos indígenas afetados pela mineração ilegal seja efetiva e duradoura. “Para que a gente consiga sair dessa situação de emergência em saúde, é preciso combater a raiz, que é o garimpo ilegal. Não é possível que 30 mil Yanomamis sigam convivendo com 20 mil garimpeiros dentro do seu território”.
O governo de Roraima declarou que está acompanhando e mantendo o governo federal informado sobre essa saída voluntária das terras indígenas. A preocupação é que essa saída gere a ocupação de outras áreas de garimpo ilegal conhecias no estado como a Terra Indígena Raposa Serra do Sol.
“Temos que ter estratégias, que não podemos compartilhar com todos vocês, para que isso não ocorra. Temos que ter vigilância maior em todas as terras indígenas”, disse Lucia Alberta Andrade, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Encontro em Brasília
Na sexta-feira, 3, em encontro entre o governador e os ministros Rui Costa e Alexandre Padilha, iniciou-se um alinhamento com a proposta da formação de um grupo de trabalho integrando Governo do Estado, Governo Federal e Municípios.
A primeira medida foi a criação de um abrigo para atender os venezuelanos moradores de rua, após denúncia feita pelo Estadão.