Agronegócio indireto | Grupo especial

Um dos maiores desafios para o agronegócio nos dias atuais é calcular os custos de produção. No caso dos agroquímicos, a pressão externa, com solavancos repentinos do dólar, sempre afetam os resultados, seja das empresas que comercializam insumos para as lavouras ou dos produtores que precisam do ativo biológico para o manejo de suas terras. De origem japonesa, a brasileira de agroquímicos Ihara, com sede em Sorocaba (SP), utiliza da sensatez oriental para fazer negócios. Uma de suas estratégias é equilibrar o estoque de insumos à necessidade do produtor. “Nós queremos aplicar uma gestão de estoque eficiente, com uma presença mais ativa no campo”, afirma Júlio Borges Garcia, presidente da Ihara. “Isso nos beneficia na gestão financeira e também a ter uma estrutura mais enxuta. Queremos estar muito próximo ao que o produtor precisa.” A Ihara está no mercado brasileiro há 52 anos e tem no portfólio 64 produtos, entre fungicidas, herbicidas, inseticidas e defensivos biológicos, dos quais 15 foram lançados em 2017. Para este ano, a previsão era fechar o ano com dez lançamentos. “Na maioria deles, temos trabalhado com novas tecnologias para mais de um princípio ativo na formulação”, afirma Garcia. “O objetivo é que essas formulações sejam cada vez mais eficientes.” Em 2017, a companhia registrou uma receita de R$ 1,1 bilhão.

O desempenho na condução do negócio e a proximidade com seu mercado consumidor levou a Ihara a ser a campeã na categoria Agronegócio Indireto – Grandes Empresas do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2018. Nessa categoria, ela apresentou a Melhor Gestão Financeira, além de ser a primeira colocada no setor de Agroquímicos e Fertilizantes. E a Ihara quer mais. “A decisão estratégica da corporação é estar presente em todo o Brasil e ter soluções para todos os problemas do agricultor”, afirma Garcia. A empresa tem produtos destinados a cerca de 80 culturas.


As principais são soja, milho, café, trigo, cana-de-açúcar e algodão. Por Estado, a maior presença da companhia está em Mato Grosso, que responde por 21% das vendas da companhia. Em seguida, estão São Paulo com 12,7%, mais Paraná, Bahia, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A presença de acionistas japoneses no comando da Ihara, como Nippon Soda (28,1% das ações), a Sumitomo (17,9%) e a Kumiai (13,8%), além outras participações menores da Mitsui, da Mitsubishi e da Nissan, é uma das vantagens da empresa. Isso porque o grupo de controladores oferece um universo de possibilidades maior para as pesquisas. “Há 8 anos, começamos o desenvolvimento de pesquisas simultaneamente com outros países”, afirma Garcia. “É extremamente importante fazer testes no campo, porque uma mesma molécula se comporta de maneira diferente, em ambientes diferentes. Cada país também possui espécies, pressão e pragas distintas.”

Em 2017, a Ihara anunciou investimentos de R$ 350 milhões que estão sendo empregados até 2020. As pesquisas estão concentradas no centro de estudos em Sorocaba (SP), ao lado da sede da empresa. Do total da área de 232 hectares, o centro ocupa 54 hectares para plantios experimentais. Do restante de área, 9 hectares são de instalações industrias e o restante são reservas florestais.

A pesquisa também é um componente importante na gestão do negócio para a DSM Tortuga, empresa de origem holandesa que atua na área de nutrição animal. Ela tem ganhado espaço no mercado com o desenvolvimento de enzimas, vitaminas e eubióticos – medicamentos que estão substituindo os antibióticos. No portfólio, estão cerca de 100 produtos.

De acorco com Ariel Maffi, vice-presidente de Ruminantes Brasil da DSM Tortuga, esses ingredientes são essenciais na suplementação estratégica de rebanhos, onde o nutriente é direcionado de acordo com a necessidade proteica do animal ou mesmo o clima da fazenda. “Nós estamos capturando essa forte demanda”, diz Maffi. “A suplementação estratégica é algo que está se incorporando à produção bovina com muitíssima velocidade, porque o produtor está buscando alternativas para aumentar a produtividade de arrobas por hectare.”

Trabalho de campo: a DSM Tortuga investe em pesquisas e estudos junto aos agricultores. “O foco é treinar os funcionários dentro das fazendas, diz o vice-presidente, Ariel Maffi (Crédito:Marco Ankosqui)

No Brasil, os investimentos da holandesa DSM começaram em 2013, com a aquisição da Tortuga, a maior companhia nacional de nutrição animal à época, por cerca de R$ 1,8 bilhão. As unidades de produção estão nos municípios de Mairinque e de São Roque (SP) e no Nordeste, em Pecém (CE). “A unidade de Pecém é totalmente automatizada, onde temos a redução de pó dentro da fábrica praticamente a nível zero”, afirma. “O investimento foi pensado, desde a sua concepção, na melhora do ambiente laboral e no conforto de nossos trabalhadores”, afirma o vice-presidente de Ruminantes Brasil da DSM Tortuga, Ariel Maffi. A equipe é de cerca de 800 funcionários, incluindo todas as unidades de negócios, dos quais 550 são de ciências agrárias. Pelo desempenho em 2017, a DSM Tortuga é a melhor em Gestão Corporativa na categoria.

No ano passado, a empresa faturou R$ 1,9 bilhão, valor 7,4% acima do período anterior. O desempenho foi resultado do investimento de cerca de R$ 100 milhões em 2016, para ampliar a capacidade da sua fábrica de Mairinque e na construção do seu primeiro centro de inovação no Brasil. Esse valor faz parte de um pacote de investimentos regionais até o próximo ano, da ordem de R$ 260 milhões, para melhorar processos também em países como México, Paraguai, Argentina e Chile e a construção de uma fábrica no Peru, destinada a produtos para avicultura, inaugurada no mês passado.

Para expandir sua presença no campo, além de investir em estrutura, a empresa mantém um forte programa de capacitação de seus zootecnistas e técnicos de campo. A equipe é liderada pelo zootecnista Antonio Chaker, coordenador do Inttegra – Instituto Terra de Métricas Agropecuárias. A ideia é colocar esse time em linha com as necessidades dos produtores rurais, visando sua rentabilidade e, por consequência, dos negócios da DSM Tortuga. “O foco é treinar os funcionários dentro da fazenda para começar a ter métricas e colocar objetivos e resultados na propriedade. Isto permite medir o lucro por hectare, por fazenda e por tipo de cultura que se produz”, diz Maffi. “A demanda por proteína animal será mais aquecida, e, obviamente isso vai beneficiar o produtor.”