Situações adversas trazem oportunidades para superação. É o que chamamos de resiliência, ou seja, a capacidade de lidar com desafios e superar obstáculos, exigindo “força e flexibilidade”. É o que precisamos adotar enquanto pessoas, equipes e organizações durante os períodos de incerteza, focando em inovação e criatividade. Nesse sentido, o quão resiliente as pessoas e os negócios têm sido?

Fabiana Alves, diretora de Wholesale Banking do Rabobank
Brasil (Crédito:Divulgação)

Manter os empreendimentos prosperando, principalmente neste cenário econômico durante a pandemia do Covid-19, é um grande teste de resiliência estratégica. E está clara a importância de um modelo de negócio capaz de absorver a volatilidade, isso significa flexibilidade e agilidade organizacional. Portanto, a eficiência na tomada de decisões é fundamental para atravessar tempos turbulentos.

Mas, a resiliência estratégica requer resiliência operacional para lidar com uma disruptura no modo como as coisas são feitas. E não nos faltam exemplos de reinvenções: trabalho remoto, aulas online, teleconsultas, delivery e muito mais.

No agro, há um movimento de aceleração da digitalização no campo. O setor já passava por este processo para obter mais produtividade e sustentabilidade, mas as questões de segurança à saúde intensificaram o uso de tecnologias. Seja na gestão (com negociações por WhatsApp, transações bancárias online e reuniões por vídeo), na busca por informações ou no cultivo (com o uso de drones, imagens de satélite, GPS), 84% dos produtores já usam algum tipo de tecnologia digital de apoio à atividade agrícola, de acordo com pesquisa da Embrapa. O mais importante é que esses usos sejam aplicados de forma inteligente, alinhados ao comportamento dos clientes, novas demandas e estratégias de negócio. As reinvenções também aconteceram fora da porteira.

Com o setor de food service fortemente afetado com uma queda de cerca de 80% no faturamento, a maioria dos estabelecimentos estruturou rapidamente seus processos de delivery. Alguns expandiram a atuação com “dark kitchens” para atender a crescente demanda de entregas por aplicativos. Outros foram além, operando um sistema de vouchers para serem usados no futuro. Esses exemplos demonstram a resiliência para manter as operações no setor de alimentos, que, do campo à mesa, não parou e segue levando alimentos às famílias.

Todas essas mudanças macro partem das nossas atitudes como indivíduos. Precisamos avaliar como está a nossa resiliência pessoal, nos reinventando como profissionais e pessoas. No ambiente de trabalho, nos adaptamos no essencial para o funcionamento do dia a dia, mas nossa resiliência está em como podemos ir além nos cuidados com a equipe. Os líderes têm a missão de exercer uma gestão humanizada e empática.

A pesquisa “Gestão de Pessoas na Crise Covid-19”, feita pelo Grupo Cia de Talentos, a FIA e a Xtrategie, mostrou que 66% das empresas estão realizando ações de suporte psicológico, assim como acompanhando a saúde física e psicológica dos funcionários. O bem-estar virou pauta de trabalho, com um importante estímulo constante ao equilíbrio entre corpo e mente.

Contudo, o que estamos aprendendo, é que em um ambiente volátil, um planejamento estruturado e uma gestão holística são fundamentais. São tempos de substituir paradigmas por paradoxos, como agilidade e risco, decisão rápida porém abrangente. Revisite seu processo decisório e sua governança, busque por simplificações operacionais e nunca descuide do engajamento e da saúde da sua equipe. Não há mais espaço para o “sempre fizemos assim”. É a hora de acolher os paradoxos e desenvolver a nossa resiliência estratégica, operacional e pessoal, para superar este e qualquer outro desafio, que certamente virá!