A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, desenvolve dois projetos com o objetivo de avaliar os impactos da agricultura e da expansão urbana em dois importantes mananciais de abastecimento de água nos municípios de Jundiaí e Louveira. Os projetos são coordenados pelo pesquisador do IAC, Jener Fernando Leite de Moraes, em cooperação com o pesquisador Afonso Peche Filho, também do IAC.

As pesquisas objetivam o mapeamento e a priorização das áreas de matas ciliares, incluindo nascentes e cursos d´água, que possam ser recuperadas e revegetadas, proporcionando o aumento da disponibilidade hídrica desses mananciais.

Em Jundiaí, o projeto é uma continuidade de um estudo já realizado pelo IAC, no período de 1998 a 2003. Nessa linha de pesquisa, o IAC desenvolveu um pacote tecnológico específico para a gestão integrada dos recursos hídricos, que contempla qualidade e disponibilidade de água e um detalhado diagnóstico do meio físico da área, com levantamentos pedológicos e informações sobre relevo, uso e ocupação de terras.

“Há também o uso integrado de geotecnologias com modelos matemáticos. Um dos modelos empregados nesse projeto é o SWAT (Soil and Water Assessment Tools), desenvolvido pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos”, explica Moraes. Esse modelo mostra o impacto das atividades agrícolas e da expansão urbana na produção de sedimentos e, consequentemente, no assoreamento de cursos d´água e na quantidade de água produzida dentro da bacia hidrográfica.

“A interação entre as áreas agrícolas e as cidades precisa fazer parte da programação científica para reduzir os impactos e ampliar a sustentabilidade, como recomenda o governador Geraldo Alckmin”, afirma o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim.

O modelo americano permite ainda a simulação de cenários de uso de terras e aspectos climáticos. No primeiro caso, é possível avaliar o aumento da produção de água decorrente, por exemplo, da recuperação das matas ciliares e nascentes, ou ainda do uso de práticas adequadas de conservação do solo para as diversas culturas.

“Um resultado nessa linha é uma sensível redução na quantidade de sedimentos que chegam aos rios e córregos, apenas com a recuperação das matas ciliares dos rios, como foi observado, na bacia hidrográfica do rio Jundiaí-Mirim”, afirma Moraes.

O pesquisador explica que dentro de uma bacia hidrográfica existem vários cursos d´água, que formam as chamadas sub-bacias. O modelo SWAT subdivide a bacia hidrográfica em pequenas sub-bacias, o que facilita a gestão territorial e a proposição de políticas públicas específicas.

“O trabalho com modelos matemáticos exige que os mesmos sejam alimentados com informações específicas dos solos da área que se quer estudar. Nesse sentido, os projetos desenvolvidos pelo IAC contemplam o mapeamento pedológico detalhado, fundamental, para o conhecimento da espacial dos solos, de suas características físicas e químicas”, completa. 

Com relação às alterações climáticas, o SWAT viabiliza a simulação das consequências da diminuição das chuvas na vazão dos cursos d´água. “Um equipamento portátil foi adquirido e está sendo usado para medição da vazão nos principais rios”, afirma Moraes.  O projeto “Diagnóstico Agroambiental para Gestão e Monitoramento da Bacia Hidrográfica do rio Jundiaí-Mirim” é fruto de uma parceria do IAC com o Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Jundiaí.

O projeto desenvolvido em Louveira segue a mesma linha de pesquisa desenvolvida em Jundiaí. “Hoje já conhecemos a variação da vazão ao longo do ano, nos três principais mananciais que abastecem o município de Louveira e a prefeitura já pode planejar melhor suas ações no sentido de garantir um melhor abastecimento de água para sua população”, diz.

Além das atividades de diagnóstico do meio físico, serão oferecidos treinamentos na área de geoprocessamento para técnicos da prefeitura de Louveira e do DAE-Jundiaí. O curso de gestão ambiental de propriedades, voltado para agricultores, tem como principal objetivo apresentar práticas de manejo dos solos que propiciem uma redução no escoamento superficial das águas da chuva e maior infiltração no solo.

“Com isso, reduzimos os processos erosivos, diminuindo o assoreamento dos córregos, e propiciamos maior infiltração da água no solo que irá alimentar o lençol freático”, encerra. Os treinamentos estão previstos para ocorrer no próximo mês de março. Fonte: Ascom