O Economist Intelligence Unit (EIU) anunciou que os preços mundiais das commodities relacionadas a gêneros alimentícios registraram um ligeiro aumento no último trimestre de 2013, reduzindo a acessibilidade aos alimentos na maioria dos 107 países que compõem o Índice Global de Segurança Alimentar (http://foodsecurityindex.eiu.com). O índice, patrocinado e encomendado pela DuPont para aprofundar o diálogo sobre segurança alimentar, é elaborado anualmente e avalia a acessibilidade, a disponibilidade e a qualidade dos alimentos. O índice é ajustado todo trimestre para refletir o impacto das flutuações globais dos preços dos alimentos no nível da segurança alimentar de cada país. ³O Índice Global de Segurança Alimentar oferece uma nova dimensão para avaliar os principais fatores que afetam a segurança alimentar², afirma James C. Borel, vice-presidente executivo da DuPont. “O valor dessa ferramenta está em sua capacidade de ajudar a determinar onde é melhor empregar os limitados recursos e gerar maior impacto.”

Brasil

O Brasil ocupa a 29ª posição do ranking global, melhorando duas colocações quando o desempenho é comparado com a performance do país na época do lançamento do ranking (julho 2012), quando ocupava a 31ª colocação. No entanto, o país registra uma ligeira melhora em sua nota final, saindo dos 67.6 em julho de 2012 para 67.9 nesta nova edição do ranking.  Na América Latina, o Brasil é o segundo melhor país em Segurança Alimentar, ficando atrás apenas do Chile. Segundo os executivos do EIU, infraestrutura agrícola e PIB per capita interferem negativamente no desempenho do Brasil. No entanto, o país foi bem avaliado principalmente por seu compromisso com padrões nutricionais e pela volatilidade da produção agrícola. 

Principais conclusões sobre fatores de ajuste de preços  No último trimestre de 2013, os preços globais das commodities relacionadas a gêneros alimentícios tiveram um aumento estimado de 1,39% em relação ao final de setembro, de acordo com o índice de preços de alimentos da Organização para Alimentação e Agricultura (Food and Agriculture Organization – FAO). Em grande parte, isso foi devido à elevação dos preços de produtos lácteos e carnes, que foi contrabalanceada pela queda dos preços do açúcar, cereais e óleo.

A região da América Latina e Caribe (LAC) teve o maior declínio em segurança alimentar. A pontuação da região caiu 0,12, mantendo-a estável na quarta posição. Chile e Haiti, ambos com pontuações inalteradas em relação ao trimestre anterior, mantiveram-se como melhor e pior resultados gerais na região, respectivamente. Dos outros 17 países da região, apenas quatro (Bolívia, Panamá, Paraguai e Peru) tiveram avanços modestos em termos de segurança alimentar. Isso contrasta com o desempenho da região no último trimestre, quando todos os países, exceto Chile, experimentaram uma melhora na segurança alimentar. O Brasil mantém a vice-liderança em segurança alimentar na região. 

Mais uma vez, as maiores reduções no nível de segurança alimentar aconteceram em países vítimas de violência política ‹ Síria e Sudão. A Síria apresentou a maior queda em segurança alimentar por conta da violência política que continua assolando o país. A taxa de câmbio também despencou, tendo perdido mais de 20% do valor ao longo do trimestre, e a renda per capita caiu mais de 3,6%. Além do rápido aumento dos preços, a disponibilidade de alimentos também está diminuindo por causa do conflito militar. O Sudão enfrentou a segunda maior queda no nível de segurança alimentar devido ao avanço da violência política. A moeda do Sudão perdeu 16,2% do valor no último trimestre.

A Coreia do Sul teve o maior avanço em segurança alimentar. Sua classificação geral subiu dois pontos e alcançou a 23ª posição. A segurança alimentar sul-coreana foi favorecida pela elevação da renda, especialmente em comparação com outras economias desenvolvidas, e pela valorização significativa da moeda, o que reduziu os preços dos alimentos importados.

A classificação para acessibilidade de alimentos subiu da 26ª para 22ª posição.

A acessibilidade de alimentos na Europa Ocidental cresceu no quarto trimestre. A segurança alimentar melhorou em 50% dos países (13 de 26) da Europa incluídos no índice, o que representa mais de um terço de todos os países que experimentaram avanços na segurança alimentar. Globalmente, menos de 35% de todos os países do índice viram sua pontuação crescer. A Europa Ocidental se beneficiou com a modesta recuperação econômica e com o fortalecimento do euro. Muitos países da Europa ‹ tais como a Bélgica, Holanda e Portugal ‹ importam parcelas significativas de seus alimentos.

As regiões do sudeste da Ásia-Pacífico e da Europa e Ásia Central foram as únicas duas que registraram um avanço geral na segurança alimentar durante o trimestre. As respectivas pontuações regionais aumentaram 0.18 (para 61 em relação à nota máxima 100) e 0,06 (70), deixando as regiões classificadas em terceiro e segundo lugar (no total de sete), respectivamente, atrás da America do Norte.

A África subsaariana permaneceu sendo a região com mais baixa pontuação. A pontuação caiu 0.1 em relação ao trimestre anterior, registrando 33,3. Apenas dois países, Botswana e África do Sul, classificarem-se na metade superior do índice; no entanto, ambos viram suas notas caírem 0,1 e 0,3, respectivamente. Do total de 28, apenas cinco países da África subsaariana (Benin, Camarões, Costa do Marfim, Senegal e Serra Leoa) experimentaram avanços na segurança alimentar durante o quarto trimestre. 

Depois de dois trimestres de queda, alguns preços de alimentos subiram lentamente acompanhando a recuperação da economia, embora os preços gerais dos alimentos estejam 14% mais baixos em relação ao pico recente no início de 2011. A elevação dos preços dos alimentos no quarto trimestre foi parcialmente compensada por um leve aumento na renda global por pessoa aproximadamente 0,5%, de acordo com estimativas da EIU. Além dos preços mais altos dos alimentos, a maioria dos mercados emergentes continuou a ver
depreciações significativas em suas moedas em relação ao dólar americano,  enquanto as economias desenvolvidas, em geral, viram valorizações. Nesse sentido, a acessibilidade de alimentos melhorou na Europa, mas caiu na maioria das outras regiões.

O preço dos alimentos comprados mais frequentemente por conta de insegurança alimentar ‹ cereais ou culturas básicas ‹ teve uma queda ligeira de 1,8 ao longo do trimestre, de acordo com o índice de cereais da FAO. A EIU prevê que os preços dessas culturas permanecerão sob controle. A produção de milho tem se mostrado sólida ‹ a previsão é que os estoques atinjam o nível mais alto dos últimos 12 anos. Os preços ficarão, em média, em torno de US$ 211 por tonelada este ano, abaixo do valor de US$ 265 em 2013. No mercado global de trigo, a ampla oferta deverá superar a demanda: isso deve gerar uma queda de aproximadamente 13% no preço médio do trigo este ano em relação a 2013. Os preços do arroz caíram muito no final de dezembro e, com a disponibilidade adequada em  2014, a previsão é que os valores permanecem estáveis este ano.

“A economia global deve se fortalecer em 2014, liderada pelos países mais>ricos”, afirma Leo Abruzzese, diretor global de previsões da EIU. “Ainda>que isso possa aumentar a demanda por alimentos, muitos dos mercados emergentes não estão crescendo tão rapidamente quanto antes. Com a produção de alimentos sólida, de modo geral, e estoques com níveis elevados, não vemos os preços subindo para culturas básicas neste ano, um bom sinal para a segurança alimentar.”

Sobre o Fator de Ajuste Trimestral do Índice Global de Segurança Alimentar  As atualizações trimestrais do quesito de acessibilidade do Índice Global de Segurança Alimentar servem para destacar a vulnerabilidade dos países a crises de preços dos alimentos, especialmente daqueles onde as populações já enfrentam desnutrição. O ajuste trimestral da EIU incorpora alterações em preços globais, conforme medido pelo amplamente utilizado Índice de Preços de Alimentos da FAO. A EIU modifica a variação de preços da FAO para cada país, examinando a relação histórica entre a inflação de preços dos alimentos global e nacional. A pontuação do país fica mais ajustada às mudanças estimadas da renda nacional e da taxa de câmbio durante o trimestre. Isso garante uma avaliação de alto nível das alterações de preços que podem contribuir ou prejudicar a segurança alimentar do país.

Fonte: Economist Intelligence Unit