O governador em exercício do Rio, Cláudio Castro (PSC), pretende, até quarta-feira, 6, se reunir com os três mais votados na eleição interna para assumir o Ministério Público do Rio (MP-RJ). A realização de audiências com os candidatos é incomum. Nos últimos anos, o nome mais votado da lista tríplice elaborada pela categoria foi o escolhido. O anúncio deve ser feito por Castro até sexta-feira (8).

A lista é encabeçada por Luciano Mattos, que recebeu 32% dos votos. Para apoiar a indicação do mais votado, os outros relacionados, Leila Costa e Virgílio Stravidis, se comprometeram a não aceitar uma eventual indicação do governador. Castro já indicou, porém, que se algum dos escolhidos “renunciar” poderá “puxar” para a lista tríplice o quarto colocado, Marcelo Rocha Monteiro, abertamente bolsonarista. A Constituição Estadual obriga o governador a escolher um nome entre os três mais votados.

A escolha no novo procurador-geral tem provocado cobranças a Castro, aliado da família do presidente Jair Bolsonaro, cujos filhos Flávio e Carlos são investigados pela Promotoria. No fim de semana passado, Bolsonaro citou, na internet, um hipotético flagrante por tráfico de drogas contra o filho de um promotor. “O que aconteceria, MP do Rio de Janeiro? Vocês aprofundariam a investigação ou mandariam o filho dessa autoridade para fora do Brasil e procurariam maneira de arquivar esse inquérito?”

Promotores e procuradores queriam uma resposta do atual procurador-geral de Justiça, José Eduardo Gussem, mas ela não veio. Cauteloso, o chefe do MP pouco apareceu durante o período da sucessão.

Apurações

O sucessor de Gussem herdará investigações sensíveis para Bolsonaro. O senador e ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no caso das “rachadinhas”. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) também é investigado por peculato. A família Bolsonaro nega irregularidades. Alega perseguição de adversários para rebater as acusações.

O próprio Cláudio Castro, que assumiu o governo após o afastamento de Wilson Witzel (PSC), também tem problemas com o MP. Um vídeo em que o então vice-governador se encontra com um empresário foi usado pelo delator Bruno Campos Selem para alegar que ele estava recebendo propina de R$ 100 mil por contratos da Fundação Leão XIII. O órgão presta assistência social no Estado. Ele nega.